Mulher, Mãe Atípica e Cuidadora

Senhoras e senhores, convido à escuta,
Esta é uma homenagem, mas também é luta.
Lembro mulheres, faróis na história,
Que rasgaram o tempo e gravaram memória.

Joana d’Arc, coragem em batalha,
Leila Diniz, que rompeu cada muralha.
Cora Coralina, poesia e chão,
Cleópatra, poder na palma da mão.

Nomes que ecoam, vozes que brilham,
Mulheres que ousaram, que abriram trilha.
E tantas outras, sem nome ou brasão,
Mas que escreveram sua própria missão.


Ser mulher

Ser mulher é andar sobre um fio,
Equilibrando sonhos, vencendo o frio.
Tem que ser forte, tem que sorrir,
Tem que dar conta, tem que seguir.

Ser profissional, ser sempre presente,
Ser tudo ao mesmo tempo, e ainda contente.
Mas quando se cansa e ousa parar,
Dizem que errou, que falta cuidar.

Mas quem cuida dela?
Quem lhe estende a mão?
Ou será que sua dor se perdeu,
Na multidão?


Ser mãe atípica

Ser mãe já é entrega, é doação,
Mas há quem receba uma outra missão.
Um filho que exige um tempo maior,
Que pede um amor ainda mais forte.

Noites em claro, cansaço e choro,
O dia sem intervalo ou socorro.
O filho precisa, o mundo não vê,
A mulher que existia já não sabe quem é.

A festa de quinze que nunca acontece,
O jogo de futebol que ninguém marca,
A viagem com amigos que nunca se faz,
Porque há sempre um limite. Mas o mundo impõe mais.

E quando o futuro lhe faz a pergunta:
“Quem cuida de ti, quando o corpo desmonta?”


Ser cuidadora

Quem cuida de todos, quem tudo segura,
Quem finge ter forças, mas vive em fissura,
Sabe que o tempo castiga sem dó,
Que o peso se acumula, que a vida é um nó.

O Estado se cala, a família não ouve,
O mundo se afasta, a dor se renova.
Se um dia ela parte, quem fica? Quem olha?
Seu filho atípico vira história?

Não basta homenagem, discurso ensaiado,
Se o mundo permite esse amor sobrecarregado.
Queremos mais redes, mais vida, mais laço,
Para que essa mulher não se veja em cansaço.

Que cuide, mas viva. Que ame, mas dance.
Que tenha descanso. Que tenha um alcance.
Que seja lembrada enquanto há tempo.
E não só no fim, quando resta o lamento.


E o que queremos?

Queremos aplausos, queremos flores,
Abraços, amores, respeito e valores.
Mas queremos mais: justiça e ação,
Não só discursos, promessas em vão.

Queremos terapias, remédios, cuidado,
Um olhar humano, um SUS fortalecido.
Apoio às mães, apoio às causas,
Associações vivas, portas abertas, não pausas.

Que o Conselho da Pessoa com Deficiência
Levante do papel e ganhe potência!
Que vá para as ruas, que tenha voz,
Que os políticos estejam de mãos dadas com nós!

Pois ser cuidadora, ser mãe, ser guia,
Não apaga o direito de ser quem um dia
Foi menina, foi forte, foi vida e paixão,
Inteira, em essência, é mulher e coração!

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Vera Lúcia de assunção Rodrigues
Vera Lúcia de assunção Rodrigues
14 dias atrás

Parabéns a todos mães cuidadoras !!, que Deus as abençoe com muita saúde para continuar a sua missão de cuidar…

Kelem Cristina de Sene Santos
Kelem Cristina de Sene Santos
14 dias atrás

É um cotidiano pra lá de puxado… isso é fato.

Lenir Vieira Dias
Lenir Vieira Dias
Responder a  Kelem Cristina de Sene Santos
11 dias atrás

História de vida , verdadeira muito bem lembrado, me vi em cada detalhe de tudo minha amiga,
Filha de nossa Lambari D’Oeste . Parabéns

Zenil Zenil Josefa da Silva
Zenil Zenil Josefa da Silva
14 dias atrás

Que todas as mulheres possam ter seus trabalhos reconhecidos, em especial àquelas que cuidam de filhos especiais. Parabéns pelas lindas palavras.