Quem o viu lá pela primeira vez deve ter pensado que era mais um peregrino: camiseta de São José, uma faixa verde refletiva, com uma caneca pendurada e um cajado. Só que não.
Ano passado, ao saber da Peregrinação de São José Operário, em Lambari D’Oeste, Pedro ficou super afim de caminhar e eu disse não! Na minha mente limitada, acreditava que ele não daria conta do percurso. Este ano ele foi bem mais persistente e Kelem, madrinha dele, sugeriu que eu poderia ir de carro atrás e se ele não desse conta, ela o entregaria para mim.
Mesmo eu não confirmando, ela o inscreveu na Peregrinação e providenciou os acessórios. Mas minha irmã não estava lá, minha outra irmã não podia ficar com o pai. E 14 quilômetros, equivalentes a seis horas de caminhada, era muito tempo para meu pai ficar dentro do carro, por outro lado no caminho o celular não funcionava. Como eu poderia ficar em casa por seis horas sem saber se ele estava bem ou não?
Então coloquei meu pai no carro e acompanhei toda a peregrinação, numa velocidade que não gosto de dirigir, meu pai brigou, xingou e reclamou o tempo inteiro. Não dormiu, pois as duas vezes que tentei lhe dar o remédio de dormir, ele jogou fora.
Sabia que Pedro estava muito bem cuidado, pois além de Kelem ainda levei Benice, que também se aventurou na caminhada. Claro que não contei pra ela que se caso não conseguisse manter o pai no carro ela teria que acompanhá-lo. Esse era meu plano B. Mas nem o mencionei, pois percebi que não daria conta de ficar em casa.
Outro fator que contribuiu é que atualmente ele participa do projeto Paralímpico vinculado a UNEMAT e na oportunidade perguntei ao professor Emanoel se ele teria condições de fazer a caminhada e a resposta foi: ‘Ele tem condições físicas sim, vai depender da motivação,’
Nas paradas de descanso: ‘Pedro, você está bem? Quer ir para o carro?’
Para a primeira pergunta, a resposta era SIM e para a segunda, era NÃO.
No final passei na frente dos peregrinos e deixei meu pai e Benice no carro. Para filmar os peregrinos e caminhar os últimos metros ao lado do meu filho.
Ele estava cansado, com olheiras e seu corpo com um leve tremor pelo esforço feito. Mas sua alegria por ter conseguido era expansiva. Desejei poder medir sua aura naquele instante.
Hora de voltar, meu pai exausto e Pedro pronto para assistir à missa. O que era muito justo. Então lhe dei o medicamento da manhã e o deixei com Kelem para voltar no ônibus.
Quando ela o entregou, pediu que conferisse seus pés. Fiz isso com um aperto no peito, imaginando os calos estourados e bolhas gigantes por todo o seu pé. Pasmem, não encontrei nenhum.
Começo a compreender o tamanho da fé de Pedro. Em casa antes de sair, o peguei em uma conversa com São José, para ajudá-lo a fazer a Peregrinação.
Se meu filho tivesse me ouvido na primeira parada, teria ido para o carro. Ele teve força de vontade e fé inabalável de que conseguiria.
Caro leitor, é possível que você diga, mas isso é o que todos nós devemos ter quando decidimos fazer alguma coisa. Concordo. Mas, nem sempre temos. E Pedro Peregrino, é um vencedor. Pois pisa com o pé direito virado para fora, tem a tíbia torta, desvio na coluna, Síndrome Doose e Autismo.
Durante a peregrinação poderia ter caído com muita facilidade, ou ter desmaiado. Caminhar os 14 quilômetros foi um ato de superação, ou um milagre.
E, se o céu é o limite, que as estrelas iluminem o seu caminho e, que sua fé em Deus possa transformar os grandes obstáculos em pequenos desafios.
Kelem, gratidão por nossa amizade. Você presenteou Pedro, com presença e cuidado. Não quantificáveis em valor monetário.
Padre Diego Henrique, Pároco da Paróquia São José Operário de Lambari d’Oeste – MT, obrigada por ter criado a Peregrinação de São José. Ela possibilitou ao meu filho, autoconfiança, determinação e novos sonhos.
Motivação e fé para caminhar não faltaram. E…
Viva São José!
Que texto mais lindo e cheio de amor e cuidado do começo ao fim!
É de arrepiar!
Parabéns pra vc mãe que permitiu seu filho esteja onde ele quiser.
Obrigada por ter me apresentado a palavra certa. Permissão. Muitas vezes deixamos de permitir, por acreditarmos que nossas escolhas são a certas. E deixamos de respeitar e aceitar as escolhas deles.
Enquanto eu puder, caminharemos juntos… Viva São José! Viva Pedro Peregrino.
E que a gente aprenda a ser peregrino como Pedro. Com a certeza de sempre chegará ao final da caminhada. Vencendo um paço de cada vez. E deixando imprimido em suas pegadas para outros autistas como ele, que sempre é possível vencer mais um desafio. E nos mães precisamos acreditar mais que milagres são possíveis.
Se não valerem o s anjos do senhor
Valei-me São José
Parabéns Pedro pela fé inabalável que São José interceda por você e Cícera continue sendo essa mãe e filha incrível Deus abençoe sempre sua família 🙏
Sou uma mãe como tantas outras mães de filhos atípicos, choro, me desespero e a esperança fica por um fio.
PARABÉNS PEDRO !! FÉ E DETERMINAÇÃO
Amiga, a fé de Pedro é inabalável.
Minha amiga, vou lhe dizer uma verdade. Sei que vc é a mãe e sempre fez muito bem o seu papel que é de cuidar e proteger, mas pelo que conheço Pedro, não duvidaria jamais da sua fé e da sua capacidade de superação, pois sei que ele sempre soube o que queria e nunca mediu esforços para conseguir. Tentar, lutar, ir em busca dos seus objetivos, sempre foram características desse bravo guerreiro.
Parabéns Pedro! Saiba que terá sempre meu carinho e minha admiração. Forte abraço a vc e a sua admirável mãe.
Obrigada pela observação. Realmente Pedro sempre sabe o que quer.