Fiquei muito feliz com os comentários postados no blog e no facebook, pelas pessoas que conhecem Pedro, sabem de sua fé e do seu carisma.
Das pessoas que não o conhecem, mas adivinham sua sensibilidade e luz.
Sempre procuro mostrar o que ele tem de melhor. Até porque, aquilo que não é legal, muitos apontam o dedo e o acusam de falta de educação. Muitas vezes, as pessoas não sabem o que é Síndrome doose. Até mesmo médicos que passaram por nossas vidas a desconheciam. Falando de forma simplificada, é uma alteração no cromossomo XII que causa epilepsia, além do espectro autista.
Ambos interferem no comportamento emocional e intelectual. Tenho certeza que qualquer mãe compreende quando eu digo que há dias e situações, que fazem com que nos sintamos cansadas, vencidas e derrotadas.
Mas para sobreviver, atuamos o tempo todo. Afinal exercemos uma infinidade de papéis, que a sociedade e nossos representantes políticos fingem não perceber que eles precisam e devem contribuir para uma vida com mais qualidade, equidade e humanização. Para que nós, que cuidamos em tempo integral, também possamos ser cuidadas.
Olhem para nós e, sejam capazes de perceber o quanto o nosso cotidiano e permeado por altos e baixos emocionais que desestabilizam nossas emoções também.
Por mais que a gente exercite o falar baixo, eles extravasam suas frustrações das formas mais variadas. Gritos, às vezes se batem pelas paredes e há ambientes e barulhos que os deixam alterados, em situações mais graves, alguns podem até ficarem agressivos
Meu filho desconta a maioria de suas frustrações com mordidas em seu braço direito, a pele está escura, com cicatrizes.
Ontem observei o comportamento de uma pessoa adulta na fila da farmácia, que aperta com tanta frequência a ponta da orelha direita, que a mesma está machucada.
Poderia elencar aqui várias outras situações, como a dificuldade de contato físico e a dificuldade que alguns sentem em circular por ambientes com muita gente.
Outro exemplo é a dificuldade que eles têm de saírem da rotina, acrescentarem uma rotina nova, ou parar de falar do assunto preferido deles.
Momentos há, que nós, os ditos normais não cuidamos das palavras utilizadas e isso causa uma confusão na interpretação deles.
Penso que deve ser bem difícil para uma mãe querer abraçar o filho(a) e ele(a) recusar o toque. Por outro lado, a gente sabe que eles são tão sensíveis e sentem em intensidade máxima.
Porém da mesma forma que sentimos medo e insegurança eles também sentem. E algumas vezes por excesso de proteção, temos dificuldade de deixá-los livres para experimentar o mundo.
Pedro Henrique está com 19 anos. A cada vez que observo os jovens da idade dele, que podem ir e vir sozinhos, tento descobrir formas para que sua vida ganhe um pouco mais de funcionalidade e liberdade.
Entretanto, com todo o meu empenho e amor, assim como tantas outras mães, também me desestabilizo. Pois me sinto como um equilibrista a caminhar por uma corda bamba, ciente de que novos desafios virão. Porém falta o tempo de pensar e construir uma estratégia de ação. Mas é preciso agir com rapidez, em situações conflituosas. Única maneira de manter a harmonia.
E, assim possibilitar ao meu filho se equilibrar também.
E esse equilíbrio foi sendo construído aos poucos. Sei que não é o que você sonhava como mãe, mas é o que está sendo construído aos poucos e com seu apoio constante e de toda a rede de proteção e apoio que você conseguiu organizar em torno de Pedro.
É sempre o nosso equilibrio que possibilita o deles e isso nem sempre é fácil e mesmo possivel. O que tem feito pelo Pedro tem também de fazer por si Cicera. Quando os apoios estatais não existem temos de nos virar para a familia. No seu caso e com o seu pai a familia tem de ajudar… Vc não é a unica parente e precisa de apoio… convoque uma assembleia familiar e reivindique tudo a que tem direito… A Luz tem de ser reivindicada à sombra para que haja Paz. Coragem e força nesse seu caminho Cícera!