Revoluções por segundo

Você, ao ler este título pode até dizer que não. Mas elas acontecem sim. Lembre-se do dia que você voltou para casa com ele/ela no colo.

Talvez você tenha passado a falar mais baixo, pois ele chorava ao ouvir vozes alteradas.

 Se você era uma frequentadora assídua de reuniões familiares no final de semana, daquelas que há um som ligado e as pessoas falam alto, para serem ouvidas, sua presença diminuiu.

Se você adorava mudar os moveis de lugar toda semana, é bem provável que você parou, ou aprendeu a não fazer mudanças no quarto do seu filho.

E a primeira vez que você o levou para cortar o cabelo e ele gritou o tempo todo. E você não sabia o que fazer. O ar condicionado ligado, mas você saiu de lá suando.

Conheço algumas mães que se tornaram cabeleireiras de seus filhos e filhas.

Aqui, não preciso falar dos conflitos entre a mãe e o pai sobre qual a forma de agir nos momentos de crise. Das discussões com os parentes próximos. Das reuniões na escola, quando esta quer receber uma receita pronta de como agir e uma pílula mágica.

E a inclusão, na hora do recreio? Nosso filho só, em algum canto do pátio.

Então para lidar com todas estas situações você passou por desequilíbrios e mudanças? Tenho certeza que foram, são e ainda serão inúmeras.

A transformação acontece, ou não damos conta e adoecemos.  A cada problema é como se arrancassem a nossa pele.  Assim, vulnerável, nosso corpo percebe todas as ações expressadas ou não, de julgamentos. Percepções que acontecem a cada segundo vivido, pois um minuto às vezes pode ser um tempo muito longo.

Este é o momento que nos tornamos mais fortes, pois ao reconstruirmos uma nova pele, nos humanizamos para perceber a dor do outro e servir. É o momento que aprendemos a cuidar.

Qual a maior revolução você viveu após a chegada do seu filho/filha autista em sua vida?