Uma queda e uma fada madrinha

A quarta-feira passada estava sendo um dia normal como qualquer outro, de repente um barulho de queda. Desta vez era um barulho grande, afinal agora Pedro tem 1,82m e pesa 85 k. Corri e encontrei ele caído na área, tentando se levantar, mas sem conseguir. Observei braços e pernas, que pareciam inteiros. O ajudei a levantar, porém ele não estava conseguindo andar. Segurando em móveis e parede ele se arrastou até a sala e sentou no sofá.

Não podia ligar para ambulância da UPA, nem para bombeiro, pois caso eles viessem eu não tinha com quem deixar meu pai. Então liguei para minha irmã que mora há uns 7 quilômetros de minha casa e pedi para ela vir ficar com meu pai. Enquanto isso Pedro suava e chorava.

Enquanto esperava, o tornozelo esquerdo dele começou a inchar. Quando ela chegou, fomos para a Upa, única opção que qualquer morador de Cáceres tem no momento, caso passe mal. Mesmo pagando plano de Saúde, pois o único hospital que atendia, agora não atende mais e, a UNiMED, embora exista em Cáceres há anos, nunca se preocupou em construir um espaço para atendimento.

Ao chegar a UPA, parei o carro na porta de entrada e fui procurar uma cadeira. Tinha uma desocupada, detalhe o encosto do pé do lado esquerdo não existia. E ficamos a esperar para passar pela triagem e depois pelo médico.

O médico olhou para seu tornozelo inchado e perguntou:

            ─ Pedro o que aconteceu?

            ─ Eu caí do banquinho, respondeu Pedro.

            O médico observou seu tornozelo e afirmou:

           ─ Não quebrou, vou passar um remédio para tirar a dor.

            Olhei para o médico incrédula com seu diagnóstico. – O senhor tem certeza que não quebrou? Meu filho não para e tem resistência a dor, não vai ficar parado.

            Então a explicação do médico me deixou ainda mais chocada.

            ─ Mãe, nós estamos sem ter como tirar raio x, aqui e no hospital regional. A senhora pode pagar o raio x? Se a senhora puder pagar eu faço o pedido.

            Então, disse a ele que podia fazer o pedido.  Pago UNIMED na maior dificuldade, pois meu filho precisa de fisioterapia e de exames, pelos quais não pode aguardar o tempo de espera do SUS. Embora desde o ano passado, um grupo de mães venha reivindicando melhoras no atendimento para pessoas com deficiência e já tenhamos feito reuniões com vereadores e a prefeita, confesso que ainda não tivemos nenhum resultado.

Após ele fazer o pedido, Pedro foi medicado, com o objetivo de tirar a dor. Enquanto isso, eu tentava encontrar um jeito de conseguir a guia da UNIMED para fazer o exame, pois não existe estacionamento diante do prédio, e raramente se consegue uma vaga próxima a sede. Portanto, ir até lá com Pedro era inviável e deixá-lo sozinho na UPA também, pois ele tem Síndrome Doose e Autismo. Mas todas as pessoas para quem eu ligava, ou estavam trabalhando ou fora da cidade. Então decidi ligar na UNIMED. Pois a gente pode realizar no WhatsApp uma infinidade de situações. No entanto a funcionária me avisou que eles não tinham esse serviço, mas que eu anotasse o endereço de email e enviasse o pedido por ali. Como não tinha nada para anotar endereço, consegui após muita negociação, ela aceitou enviar uma mensagem para meu email, para que eu enviasse o pedido.

Enquanto aguardava o email chegar uma amiga, que eu tinha ligado veio nos socorrer. Cristiane Mendes foi a nossa fada madrinha. Pegou o pedido, levou a UNIMED e trouxe a guia, o que nos possibilitou ir até a Clínica IMEDI e fazer o raio x, após o que, retornamos à UPA e falamos com o médico, que de posse do exame, pode constatar com toda certeza que Pedro não havia quebrado o tornozelo, mas isso tornou possível também, a prescrição de medicação adequada.

Voltando à UNIMED, ainda não sei se enviaram ou não o email, pois não verifiquei. Em outras cidades, os pedidos vão para o sistema e não se precisa ir atrás de guia. Está na hora da UNIMED Cáceres melhorar o atendimento e, passou da hora de ter um hospital.  Pois, assim como eu, há muitas pessoas insatisfeitas. E estamos a aguardar por um espaço de atendimento que a meses vocês informam que terá, porém não se concretiza.