Perspectivas

Quando jovens temos muitas. Com o passar do tempo nos tornamos mais seletivos e percebemos que poucas coisas realmente importam.  Perdemos a urgência e o imediatismo. Vemos pessoas queridas que ao partirem são substituídas como objetos.

Em vida, muitas vezes acreditamos sermos essenciais para o funcionamento do mundo a nossa volta. Talvez essa seja a forma que encontramos para ocupar o nosso tempo e não pensar na morte. Com isso também deixamos de pensar em nossa vida quando envelhecermos.

Não aprendemos a construir fontes de renda, nem cuidar da saúde para garantir o envelhecer com qualidade de vida. Apenas uma pequena parcela da sociedade envelhece com saúde: física, mental, emocional e financeira.

Para essa pequena parcela a velhice é uma fase de aproveitar a vida, fazer viagens, visitar os parentes que moram distantes, fazer novos ciclos de amizade, participar de grupos de dança, de música e saraus literários, criar blogs que permitem reencontrar os amigos da infância e vivificar as lembranças do passado.

 E muitos dirão: “bons tempos aqueles”. Aliás a juventude quase sempre deixa boas lembranças. Reencontrar esses amigos para uma rodada de chope, ou para participar de uma quermesse na igreja. São sempre momentos alegres.

Mas também temos aquelas situações em que em nenhuma das áreas da vida a saúde foi cuidada. Às vezes, por falta de observado o processo de envelhecimento, lembrando ainda que, antes a expectativa de vida era bem menor. Nossos pais viram seus pais partirem jovens, sequer passaram pela experiência de cuidar. E nem imaginaram que iriam viver tanto.  Com a saúde debilitada e precisando de cuidados na perspectiva da saúde e de ajuda financeira.

Em nossa sociedade sempre teve alguém exercendo essa função de cuidador. Porém não era um número tão grande quanto hoje.

Recentemente vi um vídeo do Cortella em que ele dizia somos uma geração cansada. Precisamos cuidar de nossos filhos, de nossos pais, de nossos netos e de nós mesmos. Percebem o quanto o ato de cuidar se tornou estendido, abrangente? Já não damos conta de cuidar de tanta gente ao mesmo tempo, sem sermos cuidados.

 Ao longo da vida, ora cuidamos, ora precisamos ser cuidados.  Todos precisam estar aptos a cuidar de si e do outro também.

Drª Claudia Arantes nos ensina que precisamos cuidar de nós primeiro para termos as condições necessárias para dar conta de cuidar do outro.

A minha pergunta para você cuidador hoje é: Você faz pausas na ação de cuidar do outro, que permite a você se “reabastecer”? Tem tempo para saborear um café da manhã com alguma amiga? Sai para passear no final de semana prolongado?  Faz atividades físicas? Quantas vezes essa semana?

Caro leitor, a forma como você está vivendo a vida no momento te satisfaz? A longo prazo você continuará cuidando ou, precisará ser cuidado?

Se não parar agora, e criar um tempo para cuidar de si, continuará cuidando com qualidade e respeito o próximo? Ou cuidará por obrigação? Muitas vezes, é assim que cuidamos. Quando na verdade a forma mais digna e linda de cuidar é quando somos movidos por compaixão. Pois, quando a compaixão em nossas ações podemos transformar a vida do outro e a nossa também.

Esta é a hora de refletirmos sobre qual a nossa perspectiva de cuidado no momento. Obrigação ou compaixão?

E a pergunta essencial para os dias atuais. Como diminuir nosso cansaço?

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Kelem Cristina de Sene Santos
Kelem Cristina de Sene Santos
2 anos atrás

Cara autora, a forma como estamos vivendo agora não nos satisfaz… mas as opções foram se afunilando e muitas vezes nos vemos sem direito de escolha… abandonar não é saída, então seguimos cuidando e/ou ajudando a cuidar e pensando: e quando chegar a n ossa vez?

José Domingos Santana
José Domingos Santana
2 anos atrás

Muito bom o seu artigo

Flavio
Flavio
2 anos atrás

Cícera, pausas dê vida. Para mim é uma das maneiras mais poderosas de autocuidado para sim cuidar do outro. Parabéns 🎈 por mais um belo texto❗️

Rosemar
Rosemar
2 anos atrás

Texto interessante para refletirmos sobre cuidados

Rosemar
Rosemar
2 anos atrás

Para quem cuida e para quem é cuidado.

Maria Lúcia
Maria Lúcia
2 anos atrás

Nunca estamos satisfeitos, nossa vida é uma eterna busca por melhoras ,pouca coisa nos agrada .
Parabéns pelo artigo