Felicidades mínimas
Quando o afeto encontra outros caminhos.
Uma amiga celebra os tapinhas que o filho dá em suas costas.
Tapinhas suaves, breves, como nos doramas, quando um personagem consola o outro.
É o que ele consegue dar por enquanto.
Ela não exige mais do que isso.
Ela entende.
São os abraços dele — do jeito que sabe dar.
E ela recebe como quem recebe flores.
Pensamos que inclusão exige grandes gestos, discursos, ou reformas.
Mas talvez ela comece em gestos quase invisíveis.
Aqui, uma lista de pequenas felicidades possíveis —
sem exigir, sem corrigir, apenas oferecendo presença.
Para quem é típico, talvez seja só uma mudança de tom.
Para quem é atípico, pode ser um respiro.
Felicidades mínimas
(inspirado em Brecht, escrito com o coração)
Oferecer silêncio, quando o mundo ruge.
Aceitar que não é preciso entender tudo, só estar.
Trocar o perfume forte por roupa lavada ao sol.
Sussurrar nomes em vez de perguntar mil vezes.
Ficar ao lado, mesmo sem conversa.
Cantar a mesma música dez vezes seguidas.
Deixar que a comida venha com as mãos.
Rir de novo da mesma piada.
Ficar feliz com um “sim” depois de tantos “não sei”.
Repetir o caminho porque ele conhece os buracos.
Esperar o tempo da resposta.
Celebrar o toque permitido.*
Cortar a etiqueta da camiseta nova.
Deixar o barulho pra outro dia.
Dizer: “eu aprendo com você”, mesmo sem palavras.


É sobre responder mil vezes a mesma pergunta e, mais mil se for preciso….