Carência de homens para cuidar de anjos

Para minha amiga Fernanda das Neves, artista plástica portuguesa, que faz belíssimos quadros de anjos, não existe carência de anjos. Então fiquei pensando em todas as crianças com deficiência e idosos que existem no Brasil e nesse momento estão numa fila de espera para atendimento. Precisando de consultas, tratamentos, cirurgias e terapias. Não importa se essa fila é do SUS, ou de planos de saúde particulares.

Mas, ao aguardar suas vidas não entraram no modo espera, continuam vivendo e os problemas de saúde crescem.  Mesmo não sendo especialistas em saúde, sabemos que algumas doenças se agravam em questão de dias, semanas, meses. Então por que o sistema nos faz esperar por anos?

Seriam os seres humanos anjos, vivendo um momento de provação aqui na terra. E precisando contar com a boa vontade dos homens?

Talvez sim, afinal em cada lugar as decisões são tomadas. Às vezes, o sistema é responsabilizado pelas falhas, porém ele é comandado por homens e mulheres que têm o poder de tomar decisões.

Por outro lado, é bem comum ver pessoas com o poder de decidir nas mãos, ao invés de facilitar as decisões burocratizam ainda mais. Ação perceptível quando precisamos marcar uma consulta, um exame, falar com algum político. E seus assessores fingem que suas agendas estão sempre lotadas. Porém, se você estiver na sala de espera, verá os próximos entrarem e saírem o tempo todo, enquanto você continua lá aguardando a sua vez.

Claro que se você não votou naquele candidato suas dificuldades podem ser ainda maiores. Mas na oportunidade preciso lembrar a todos, do vereador ao presidente da república, que são os impostos pagos por todos os cidadãos desse País que pagam os vossos salários, portanto temos o direito de sermos atendidos e de sermos ouvidos. Já pagamos por esse tempo e bem pago.

Mas se vocês aprendessem a ouvir os cidadãos de cada município, talvez construíssem obras que realmente atendessem o interesse dos moradores de cada comunidade. As obras teriam início, meio e fim. Deixariam de ficar pela metade, ou serem retomadas a cada quatro anos.

Assim como também, deveriam ter um olhar mais atento para quem precisa de cuidados. Em todas as eleições, vejo campanhas serem pautadas nas palavras saúde, educação e trabalho, agregadas a estas as palavras mudança, transformação, renovação etc. Começo a pensar que, um dia após a eleição, estas mesmas palavras são riscadas do vocabulário de quase todos os nossos representantes políticos. Pois em suas práticas do dia a dia, tudo aquilo que foi prometido em campanha cai no esquecimento.  Políticos que foram eleitos com propostas esquecidas e nós cidadãos, também temos deixado de exercermos o direito de cobrarmos soluções dos problemas, mas também das propostas apresentadas em campanha.

Outra alternativa seria, eu e você pesquisarmos quais as propostas feitas pelos candidatos e se eles cumpriram. Caso não tenha cumprido o prometido, ou feito algo melhor, isso seria motivo para esta pessoa perder o direito de ser candidato.  Uma vez que descumpriu seus compromissos assumidos em Campanha.

Na verdade, gostaria de acrescentar aqui, munícipes: se vocês acompanhassem durante 4 anos cinco sessões na Câmara Municipal, na próxima eleição teriam critérios mais justos para saber em quem votar, pois perceberiam quem realmente se preocupa em melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e da cidade, e aqueles que estão lá de forma descompromissada, com falas ou propostas incoerentes e inúteis. Esse aprendizado, reverberaria nas eleições estaduais e federais.

Queria muito,  ao escrever em meu blog www.quemcuidadocuidador.com.br, não precisar citar questões políticas, mas não encontro outros caminhos para melhorar a qualidade de vida de tanta gente que precisa de cuidados em nossa sociedade. Mas por algum mecanismo acionado para “o não me comprometer, eu evito perceber”.  Então minha gente! Resta falar sobre a necessidade de sermos seres humanos mais humanizados, capazes de servir o nosso próximo e buscarmos políticas Públicas que comprovem que saímos da Idade Média, em relação àqueles que necessitam de cuidados. Juntos somos mais fortes…