Quero a Festa em meu Viver

Quem cuida bem sabe o peso
De fazer tudo dar certo.
E quando a festa é para um filho,
O coração bate esperto.
Mas entre um bolo e um balão,
Foi-se embora a razão,
E o caos ficou por perto.

Na terça, deixei Pedro
Na aula do Paralímpico,
E corri para a Lodi,
Comprar tudo, bem típico.
Balões, vela, lembrancinhas,
Copos, pratos e guardanapos,
Comprei a coisa todinha.

Entreguei ao professor
A decoração a fazer.
Mas à tarde, Pedro disse:
“Quero a festa em meu viver!”
E lá se foi o planejado,
Corre-corre e convidado,
Agora é em casa a acontecer!

Com vergonha, fui ligar
Para o Projeto Paralímpico,
Desmarcando a decoração,
E o evento, quão atípico!
Pedro pegou o telefone
E, pelas fotos do WhatsApp,
Chamou cada amigo.

Na quarta-feira, foi loucura:
Faxina e documento.
E Pedro, ansioso,
Deu fim a um bom alimento.
As balas de banana,
Para a lembrancinha bacana,
Foram para seu fornecimento!

Com a minha impressora quebrada,
Corri na vizinha para resolver.
Precisava imprimir as frases,
Para as lembranças preencher.
Apressada e impaciente,
Mas tudo foi se ajeitando.
Com ajuda fui contando,
E a tensão foi se desfazendo.

Mas, no corre da lida,
As frases ficaram esquecidas.
Cuidar é ser equilibrista,
Mas também humano na corrida.
Por isso, às vezes, sem danos,
É comum alguns enganos.

Quinta amanheceu depressa,
Pedro veio cobrar:
“Hei, cadê os parabéns?”
Nem tempo de respirar!
Morgana, a lavadora,
Voltou para minha lida agora,
Alegria sem par!

Fui ao Paralímpico buscar
Decoração e alegria.
Na Lodi de novo entrei,
Mais bala eu trazia.
Fiz a sobrancelha correndo,
No salão já lembrando
Do outro convite que Pedro fazia.

Chegando ao Paralímpico,
Tinha parabéns a tocar.
E uma música do Michael,
Pedro amou escutar!
Cantaram, bateram palma,
E Pedro sorria com a alma.
A festa já a começar!

Almoço pra fazer, lembrancinha a montar.
Na correria com minha irmã,
Saímos a entregar.
Na Defensoria, um documento,
Mas percebi um engano:
Um raio-x esperando
E Pedro sem realizar!

Organizei o espaço da área para a festa,
Mas sem lâmpada, inviável ficar.
Pedro, ansioso, num gesto ligeiro,
Quebrou o bocal sem nem reparar.
Quem tem filho autista bem sabe:
Braços e mãos sem parar.
Na pressa de um dia esperado,
Tudo pode se movimentar!

Corri ao vizinho eletricista,
Para a iluminação arrumar.
Pedro, com seus balões,
Mal conseguia amarrar.
Eu e Bernardete salvamos,
Com aparelho de inalação inflamos,
Para a decoração melhorar!

No mercado, refrigerante,
No caminho, uma chamada.
Perguntaram a Pedro a idade,
Respondeu “cinco!” sem pensar.
Sem peso, sem ansiedade,
Para ele, não faz diferença.
O tempo é só um detalhe,
E enquanto há festa e afeto,
A vida segue sem falha.

Peguei o bolo reluzindo,
Um presente da madrinha.
Cláudia, com tanto carinho,
Fez a doçura que ilumina.
Disse a doceira sorrindo:
“Está lindo e gostoso, menina!”

A festa foi um sucesso,
Mas claro, faltou localização.
Uma chegou perguntando,
A outra perdeu a diversão.
Mas Pedro, radiante, sorria,
Cada amigo, que alegria,
Festejando com emoção!

Um sobrinho apareceu,
Ex-aluno, estudante.
Perguntou por uma amiga,
Mas Pedro foi determinante:
“Os convidados eram meus!”
E o jovem ficou surpreso, Deus!
Riu do aniversariante.

O que marcou essa festa
Foi ver Pedro tão feliz.
Amigos que se esforçam,
Mesmo com compromissos a mil.
Pois sabem que ele espera,
E que se tornam sua esfera
De amor puro e sutil.

Se pra começar ele corre,
Pra terminar é igual.
Pressa para celebrar,
E pressa para o final.
Mas no fim, tudo compensa:
Cada erro, cada pressa,
Porque o amor é o ideal!

Quem cuida aprende no dia a dia,
Que mudar os planos faz parte.
Se a festa é pra quem se ama,
Ele decide o lugar, o estandarte.
Facilidade não foi a escolha,
Mas ver Pedro tão radiante,
Mostra que o papel do cuidador
É tornar a vida mais leve e brilhante.