Este é um convite, diferente de tudo que se é ofertado no ‘Dia do Autismo’. Como mãe de um autista preciso que ele seja lembrado para além do dia dois de abril. Com palestras, adesivos e falas.
Não quero um brinquedo e nem tapinhas nas costas…
Não quero receber um vídeo sobre dificuldade de aprendizagem e nem necessidade de inserção social.
Não quero ouvir sobre exclusão e nem solidão.
Não quero ouvir que sou guerreira e nem pensar as entidades religiosas que dizem acolher.
Mas, eu quero que a sociedade como um todo aprenda a conviver com todos os autistas, os 365 dias do ano e, uma Rede de Apoio seja construída, pelos Poderes Públicos. Para ser ofertado aos nossos filhos e filhas autistas saúde, educação, cultura e lazer.
Sociedade Cacerense, vocês sabem onde estão os jovens com espectro autista, que não estão estudando e nem entraram no mercado de trabalho?
Tudo depende do nosso querer fazer. Pois quando queremos fazer encontramos os motivos para fazer, mas também quando não queremos da mesma forma encontramos os motivos para não fazer.
Quando se fala das dificuldades de aprendizagem, já sabemos. Vivemos na prática e cada independência mínima, as vezes é fruto de repetição contínua. Todos os dias, experenciamos situações em que nossos filhos são excluídos.
A interação social é difícil, afinal vivemos em um mundo de aparência em que a tendência a mentir é quase louvável. Basta que observemos as fotos e mensagens postadas no Instagram, facebook e tantas outras redes sociais. E, a essência de nossos filhos é ser verdadeiro. Eles não mentem.
Nos últimos tempos, percebo que algumas instituições religiosas usam a palavra acolher, mas na verdade o que a maioria faz, é apenas receber.
Ao prepararem vossos sermões, prestem atenção nas palavras escolhidas. Lembrem-se que vocês terão uma meia dúzia de pessoas que compreenderão de forma literal o que vocês disserem. É difícil desconstruir vossas falas…
Quando volto com frequência a palavra humanização, é porque um olhar humanizado e uma escuta verdadeira, nos permite sermos gentis em ações mínimas, porém significativas.
Alguns dias atrás, fui no supermercado comprar um bolo. Quando cheguei na fila do caixa, do lado esquerdo, tinha uma mulher com um carrinho de compras e um menino de uns três anos. Meu filho lembrou de quando era pequeno eu e sua Dinda o colocava no carrinho. Único problema do momento é que naquele instante, meu filho de 1,82m, desejava entrar num carrinho novamente.
Eu, já tinha lhe dito que agora ele está grande o carrinho é para crianças etc. e ele insistindo no assunto. A senhora na minha frente gentilmente disse. – Você está apenas com dois produtos pode passar na minha frente.
Certamente, muitos dirão isso é algo sem importância. Naquele momento foi crucial, pois permitiu mudar o foco do meu filho. Passar no caixa e ir embora, era a forma fácil de encerrar o conflito.
Pessoas sensíveis, percebem nossas dificuldades e oferecem alternativas para solucioná-las.
Atitudes simples geram gentileza, amenizam conflitos e liberta a todos do miserável julgamento ‘é falta de educação’.
Ao praticar gentileza os 365 dias do ano, priorizaremos encontrar motivos para o querer fazer. Até porque quando não queremos fazer nada, também encontramos motivos.
Boas ações dependem de atitudes diárias e de como escolhemos servir ao próximo. Ao acolhermos um autista, nos tornamos seres humanos melhores, para o compreender, precisamos ser verdadeiros.
É possível, que ele não fale nenhuma palavra, mas lerá a sua alma.
Sutileza!!! De forma sutil ela percebeu a situação e interviu … sem preocupar em fazer um vídeo ou self para postar nas redes e mostrar seu ato de gentileza.
Maria Rejane, sutileza é a palavra certa, as pequenas gentilezas pode se tornar ao simples para quem pratica, mas para quem recebe pode salvar o dia. E ser uma boa lembrança para aquecer o coração. Pois é uma demonstração de que pessoas humanizadas estão por ai e podemos aprender com suas atitudes.
Mais uma vez você consegue tocar os nossos corações, Cícera e nos ensinar a olhar para pessoas com espectro autista com o respeito que merecem, como nós merecemos enquanto seres humanos.
Noscilene, obrigada por lembrar que somos todos seres humanos, portanto todos merecemos ser respeitados.
Acolher com a alma e gestos de gentileza, todos temos que aprender. Excelente texto Cícero para reflexão e ação.
Flávio, todos nós estamos aprendendo, e se todos optarmos pela gentileza, vamos construir um mundo bem melhor. Para vivermos.
Boa tarde Cicera pela terceira vez leio esta reflexão e choro, eu já estive em situação parecida e não encontrei ser humano gentil mas estou na esperança de q o mundo vai evoluir. Parabéns
Alexandra, estamos todos em evolução e a esperança é que todos nos possamos ser um pouco mais humanizados.