GENOVA, Lisa. Para sempre Alice: quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade. Tradução Vera Ribeiro. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. (Tradução de: Still Alice).
Alice Howland, Ph.D., titular da cátedra William James de Psicologia na Universidade Harvard, famosa pela mente brilhante, pelo alto nível de conhecimento, por livros, teses, artigos escritos, palestras memoráveis, não sabe o que está acontecendo.
Lapsos de memória, se sentir perdida num espaço conhecido, não se lembrar de nomes, endereços, seu marido, seus filhos, sua vida enfim.
Tudo isso se torna ainda mais desolador, desesperador, ao receber o diagnóstico médico de Mal de Alzheimer de Instalação Precoce.
O livro retrata a forma pela qual o Mal de Alzheimer vai se instalando e vai levando embora referências, sentimentos, amores, relacionamentos sociais e profissionais, vidas.
Alice não é mais uma professora pesquisadora e autora brilhante.
De repente, ela é uma pessoa com o estigma de uma doença mental degenerativa numa sociedade que valoriza acima de tudo, a juventude extremada, a qualquer preço, o ser bem-sucedida, a saúde.
Foi uma leitura fascinante, mas não necessariamente fácil para mim. Ler esse livro me fez reviver os dias em que meu avô disputava os brinquedos da minha filha com ela, quando ela tinha um ano, dois anos… ou quando ele me olhava e me perguntava quem eu era… isso no pouco tempo em que convivemos, pois moro em Lambari d’Oeste, interior do Mato Grosso e, ele morava em Ituiutaba, região do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais.
Texto escrito por Kelem Cristina Sene Santos professora de História, que fez uma bela análise do Livro “Para sempre Alice” e compartilhou a experiência vivida com seu Avô ao ter a mesma doença.
Show trazer esse tema. Pois a doença se instala aos poucos e pode ser prevenida.
Pensando nessa prevenção, é que há quase 1.000 dias seguidos, faço aula de italiano no domingo.
Aprender algo novo todos os dias, é prevenção ao Alzheimer.
Assisti o filme… emocionante e nos remete uma reflexão de como nos sentimos impotente em todos os sentidos e sentimentos.
E tomar suplementos, vigiar a saúde, mudar os habitos alimentares que provocam inflamação e encontrar a paz no coração.
KELEM COM ADMIRO VC. LINDO COMENTÁRIO VIVIDO NA PELE
Obrigada pelo carinho Rosemar. Não foi uma experiência fácil. Penso especialmente na tristeza da minha mãe e dos meus tios ao verem aquele que até então era um homem forte e que começa a desmontar diante dos seus olhos…
Foi realmente muito duro ver um homem que havia sido referência de muitas coisas em nossa vida partir aos poucos… houveram muitos momentos de lucidez nesse percurso, mas que por fim se acabaram e meu avô, que havia sido referência para nós, de repente não tinha mais nenhuma referência.
Ficaram as referências transmitidas e as histórias vividas…algo ficou dele nos filhos e nos netos … só não ficou nele o presente…
Sim Fernanda. Foram muitas histórias. Como a de que ele saiu de Minas para vir ao casamento do meu irmão mais velho e quando percebeu que a casa do neto ainda não era cercada, se ofereceu para ir ajudar a montar a base dessa cerca, ou quando tivemos dificuldades graves do ponto de vista financeiramente (nesse período morávamos na mesma cidade, Ituiutaba) e ele sempre dava um jeito de aparecer com alguma coisa para nos ajudar, sem nunca deixar claro que sabia o que estava acontecendo… ou ainda, quando ele, já com a memória corroída, de repente se lembrava da filha Elsa que morava no Mato Grosso e fazia com meu tio (irmão mais velho da mamãe e seu cuidador) desse um jeito de se deslocar de Minas até o Mato Grosso para vê-la… muitas vezes, chegava aqui e já não sabia quem era a Elsa…
O Alzheimer é algo devastador para quem acompanha e vê os que ama e eram brilhantes, deixarem de estar nesta realidade para estarem em outra … só deles… Meu pai foi um pintor e ilustrador de grande qualidade e de quem herdei o meu dom para as artes. Silenciosamente, dia a dia, o Alzheimer dissolveu-lhe toda a sua e nossa história de vida deixando-nos com um presente sem pai mas com um passado, pleno de histórias vividas com ele… Na Vida nada se perde tudo se transforma… Entender não é simples e aceitar não é fácil… A vida é um mistério!
É realmente devastador Fernanda. A gente vê quem foi nossas referências se “dissolvendo” pela doença. Para minha filha Heloisa, que conviveu com o biso já adoecido, ele era uma criança grande que disputava brinquedos com ela, mas era também alguém, que em raros momentos lúcidos ainda contava pequenas histórias para aquele serzinho que estava por ali. Para mim, um dos dias mais assustadores, foi o dia em que meu avô olhou para mim e perguntou “mas quem é você mesmo?”. Foi um caminho difícil… foi difícil ver minha mãe, que também perdeu a saúde e muito da qualidade de vida e, que é cadeirante há 13 anos, cuja condição coincidiu com essa gradativa despedida do pai se angustiar e não poder fazer nada…