Sonhos e inclusão: A estreia de Pedro no projeto Paralímpico

Aconteceu de forma memorável. Seu processo de inscrição foi online, o professor Emanoel ele já conhecia, o espaço da Sicmatur também é familiar para ele. E a primeira atividade do Pedro no Paralímpico foi participar do maior Festival Internacional de Pesca.

Nesse dia, os organizadores comemoraram por bater o recorde de Evento com o maior número de pessoas PCDs participando.

Realmente lindo de se ver, algumas crianças embora sejam moradoras de Cáceres estavam lá pela primeira vez. A ansiedade dominava a todos os pescadores, foi difícil aguardar todas as falas para começar a pescaria.

Pedro, ao chegar à beira do rio Paraguai, após eu colocar a isca em seu anzol, imediatamente jogou a linha na água e o colega do lado informou.

– Não, você não pode pescar agora, senão você vai ser desclassificado, tem que esperar dar a largada.

Fiquei encantada com o companheirismo e a gentileza. Um típico talvez pensasse: Oba! um a menos para concorrer, pois já se desclassificou. Gente, isso é ser solidário, é bondade e, principalmente cuidar do outro.

Cuidar do outro, uma ação tão carente na sociedade atual. Mas que no dia da pescaria dos PCDs, para aqueles que olharam para o evento, viram o grande número de pessoas que estavam lá para ajudar a cuidar e que em muitos casos, ao lado de cada pescador estava presente um cuidador na figura de mãe, pai, avó, avô, tia. Etc…

Tive a oportunidade de presenciar a alegria do mesmo pescador que tinha orientado meu filho a não pescar antes da hora, pegar seu primeiro peixe, era pequenino o peixe, mas garanto que sua felicidade foi genuína.

O cuidado para soltar o peixinho, abaixou-se e inseriu suas mãos no rio e, a água passando sobre suas mãos levou o peixinho.

Penso que ele não pegou muito peixe, pois sua alegria era tanta que passou a dançar ao invés de pescar. Comemorando o feito de ter pegado um peixe. Afinal durante o tempo que estive lá ele foi o único ali por perto a pegar um peixe.

Também vi uma menina que chorou, com uma tristeza imensa. Pois tinha testado todas as iscas e nenhum peixe tinha pegado. Outras pescarias devem acontecer, para se aprender na prática a paciência e, a saber esperar.

Atividades assim são tão raras, mas bem mais fácil de aprender, quando eles observam os colegas na mesma situação que eles.

Compartilhei fotos de Pedro pescando com amigos, pois valorizo cada momento em que ele pode estar no convívio com outras pessoas. Principalmente quando essas pessoas já sabem conviver com o diferente, sem julgamento.

Acredito também que foi uma oportunidade para o poder público perceber que existem várias outras atividades na cidade que as pessoas PCDs podem participar.

Na oportunidade parabenizo a todos que trabalharam com afinco para a conquista desse recorde de maior número de pessoas PCDs participando do Festival Internacional de Pesca.

Entretanto, sonho que a cidade também bata recordes no atendimento à saúde, em calçadas adequadas para as pessoas com deficiência se locomoverem. Que aconteça inclusão verdadeira na educação, cultura e lazer.

Todos nós queremos e merecemos cuidados humanizados. E todos nós somos capazes de construir um “mundo bem melhor”.

Que o encantamento, a alegria e a beleza do Festival Internacional de Pesca sejam espalhados por toda a cidade, para além do evento.

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MARIA BELTRAN
MARIA BELTRAN
1 ano atrás

Muito bom Cicera, fico feliz em ver aos poucos os pcds vão conseguindo seu espaço

Flávio
Flávio
1 ano atrás

Excelente exemplo de inclusão e aprendizado Cícera 👏💪

Maria Rejane de Menezes
Maria Rejane de Menezes
1 ano atrás

Que seu desejar se concretize!!! Já podemos marcar uma pescaria na praia da Sicmatur…

FLAVIA MARIA DE FRANCA
FLAVIA MARIA DE FRANCA
1 ano atrás

Muito importante esta iniciativa da inclusão.
Encontrei vários cadeirinhas assistindo as apresentações.
Porém não conseguiam visualizar o palco pela sua condição de estar sentado.
Acredito que nos próximos festivais reservem um espaço apropriado para os cadeirantes