Em primeiro lugar agradeço as mensagens de sugestões, conselhos e muita força, minha amiga gentilmente lembrou-me que eles são meu carma, uma outra lembrou-me de que quando eu e minhas irmãs éramos pequenas ele nunca nos abandonou.
Gente, mas o que mais me impactou durante a semana é que Pedro Henrique foi para a casa de minha irmã, em Lambari. Na verdade, ao longo dos anos ela sempre esteve presente. O detalhe é que minha irmã Carmem, com setenta anos já está precisando de ajuda, pois tem sérios problemas de saúde. Ela já começa a precisar de cuidados.
De início nem acreditamos que ele iria passar a semana inteira. Acordamos que se durante a semana ele quisesse voltar eu iria buscá-lo. Para nossa surpresa ele ficou. Porém o surpreendente foi ele me ligar todos os dias, várias vezes ao dia e a pergunta constante: “Como está o meu avô? Já almoçou? Já lanchou? Já tomou banho? Já comeu mingau? Mãe. o que meu avô está fazendo agora?”
─ Dormindo Pedro. E você o que está fazendo?
─ Olha, hoje a madrinha Kelem veio almoçar aqui. – Mãe! À noite a gente vai na missa. Olha pro Vovô não se sentir sozinho, leva ele na casa da Vera pra ele se distrair um pouco.
Percebi o quanto ele, mesmo sem ter nenhuma responsabilidade sobre o bem-estar do Avô, está envolvido com os cuidados e as necessidades fundamentais para que seu avô fique bem.
Não posso levar meu pai para o asilo, pois Pedro, em seus 19 anos de existência, acompanhou e acompanha todos os cuidados que seu Avô necessita. E mesmo a distância continuou zelando pelo seu bem-estar. Ele sequer entenderia o porquê deixar seu Avô num espaço que não seja aqui em casa.
Realmente a melhor forma de ensinar é o exemplo. Embora ele nunca tenha feito, sabe nos mínimos detalhes qual a rotina diária do Avô e está consciente do quanto essa rotina é essencial.
E mesmo estando longe cuidou do seu Avô. Claro que os dois quando estão juntos brigam o tempo todo. Por outro lado, em minha casa toda vez que meu pai lembrava de Pedro, tentava me obrigar a buscá-lo na mesma hora. Logo não posso separá-los.
Entretanto, continuo sem conciliar as terapias que meu filho precisa e os cuidados para com meu pai. Lamentavelmente, embora exista Conselho do Idoso em minha cidade, percebo que as práticas estão mais voltadas a fiscalizar denúncias de maus tratos, também são oferecidas atividades físicas, de dança e alguns lazeres para os idosos que estão a viver a adolescência da velhice, e que ainda têm a autonomia de ir e vir.
Mas para o idoso na fase final, quando já está totalmente dependente, não. O SUS antes pagava um cuidador, porém o Presidente Bolsonaro cortou esse direito.
Senhores deputados e senadores, a necessidade de um cuidador é condição mínima, para que uma família possa continuar mantendo a vida de forma funcional.
É doloroso como fica desassistido um idoso, por mais que tenha trabalhado durante a vida. Caso não tenha adquirido bens, para se manter na velhice. E essa realidade atinge a maioria dos brasileiros, todos cumpridores de seus deveres, que pagaram e pagam seus impostos, mas rebaixados em seus direitos.
E, no Brasil, por mais que no papel existam garantidos direitos aos idosos para melhorar a qualidade de vida, a maioria das famílias sequer conseguem fraldas. Um item básico para o bem-estar do idoso.
Passou da hora de se construírem políticas públicas para dar qualidade de vida aos idosos com dificuldade de locomoção, orientação espacial e comunicação. Os idosos quando chegam a esse grau de dependência, tornam-se invisíveis para alguns membros da família, a comunidade e a sociedade como um todo.
E, a invisibilidade mata!
Senhores representantes, aprendam a olhar e realmente ver as pessoas que precisam de cuidados e amparo, na sociedade.
O seu pai e seu filho não são o seu carma são o seu caminho de aprendizagem do Amor.
O Amor é simplesmente amor seja a forma ou circunstância fisica em que esteja encarnado.
Precisamos sim de apoio… do muito apoio de quem gere o dinheiro dos nossos impostos. Mas a realidade que queremos e precisamos temos de ser nós a construir. Nenhum governo do mundo vai cumprir o que lhe é pedido pela constituição quando quem governa os paises tem um pé no corporativismo.
Só vc sabe qual a missão que escolheu vir cumprir nesta vida! Eu acho que já está cumprindo e já descobriu o caminho… Grata
Fernanda, sua análise é precisa sobre a realidade política. Quanto ao amor, acredito que Pedro contribui para as relações familiares serem mais amorosas.
Cícera, essas palavras fazem a gente refletir muito e ver o quanto és iluminada. Tenhas certeza que tua luz e palavras fazem a diferença hoje, bem como para um futuro menos invisível.🙏
Flávio Nerva, que estas palavras possam chegar e frutificar nas mãos daqueles que, em nosso País tem o poder de decidir.
Cícera, tu descreves lindamente o amor e cuidados que semeaste com teu exemplo e dedicação. Pedro te mostra isso, ele é puro amor. Falei com meu pessoal de Barra do Garças e me disseram o que escreveste: não há apoio do Governo aos idosos necessitados e o pouco que havia Bolsonaro cortou. Triste realidade. A luta continua, em todas as frentes. Te abraço, com carinho.
Ruth, essa é uma triste realidade, nada é feito pensando no idoso, E por mais amor e boa vontade que a gente tem em cuidar, chega uma hora que chegamos a exaustão.
A invisibilidade não só mata. Ela anula o idoso, a pessoa com deficiência, o cuidador que assume sozinho esses cuidados. Ela afeta ainda o pouco apoio que o cuidador recebe, pois muitas vezes, esse apoio não pode ser oferecido o tempo que seria necessário. Ainda essa semana escutei uma queixa de alguém que enquanto pôde andar, teve a casa cheia de gente para visitas, que por vezes demoravam dias e às vezes não tiravam nem mesmo o copo usado do lugar: “a vida é assim, minha filha, enquanto eu andava e podia fazer tudo para todos, minha casa vivia cheia de gente… hoje, muitos nem passam para falar um bom dia ou nem ligam para perguntar se estou viva…”. Tenho certeza que você sabe de quem estou falando e do quanto a invisibilidade a afeta. Não desista de sua caminhada, por mais ela seja árdua e você sabe que tenho um pouco do conhecimento dessa caminhada… Reafirmo… estou sempre à disposição de um telefonema porque a distância nos separa um pouco… Se não atender na hora, retorno e vamos nos apoiando.
kelem, esse é o resultado da desumanização em que vivemos. No momento que o idoso mais preciso de atenção e carinho para sua vida ter sentido, nem mesmo os parentes os visitam. Essa invisibilidade é terrível.
Precisamos urgentemente rever e agilizar as Políticas Públicas em relação ao idoso até porque eles são nós amanhã. A luta continua
Benice, ao começarmos agora a conquista de politicas publicas para o idoso agora, talvez alguns de nós sejam beneficiados no futuro.
É realmente uma feliz surpresa saber que o Pedro ficou bem uma semana
longe de Você.
Acredito que ele seja tão mais capaz do que às vezes suponhamos e ainda tem muito a nos ensinar.
Luciana. com Pedro estou sempre aprendendo e me surpreendendo. Ele é um ser humano espontâneo.
Como é linda a relação familiar de vcs construída com base e raízes fortes no amor.Como sempre nos emociona amiga.
Sobre carma e difícil falar. Só quem tá com ele sabe o que passa. Se fosse carma de outro da família tava com outro e não com vc. Amor e outra coisa. Que não cabe a mim falar agora. Kkkkkkk