Quando o Amor Vai de Beija-flor
Para o Dia das Mães, para o Pedro, e para todas as mães que, por um instante ou por uma vida, já estiveram sós.
Neste Dia das Mães, precisei estar longe. Uma ausência que carrega peso e saudade, mas também cuidado comigo mesma. Este poema é o que deixo como presença — para o meu filho, Pedro, e para todas as mães que, por razões diversas, hoje sentem o silêncio ocupar a casa.
Pedro, no Dia das Mães
Em vinte e dois anos,
talvez seja o primeiro
longe de ti.
Precisei partir —
colocar ordem
no caos que me habita.
Mas um beija-flor passou por aqui.
Pedi-lhe um favor:
entregar-te um presente.
Foi embrulhado em seda,
com retalhos de céu azul-índigo,
bordado com fios de ouro
a costurar as saudades.
Dentro, o perfume das rosas,
e uma cortina de chuva leve,
salpicada por gotículas de luz.
Este presente é teu, Pedro.
E também das mães:
típicas, atípicas,
solitárias, esquecidas —
as que hoje não estão
na agenda de ninguém.
Estás a te especializar no despertar das emoções. Parabéns pelo texto arrebatador. Feliz Dia das Mães.