Gabriel nasceu em 26 de outubro de 2005, meu primeiro filho. Momento de muita emoção e cuidados devido a prematuridade e deficiência dos membros inferiores. 35 semanas e 2,125 kg. Chorou ao nascer, pegou o peito no primeiro momento.
Após isto iniciamos uma jornada em busca de tratamento. Depois de muitas visitas a consultórios de ortopedia e uma cirurgia “desnecessária”, conseguimos vaga no hospital Sarah Kubistchek em Brasília, e já são 16 anos de acompanhamento neste hospital.
Lucas aprendeu a andar e usa órteses, para auxiliar na deambulação e corrigir disparidade entre os membros.
Durante a primeira infância comecei a observar um comportamento diferente, do que se espera de uma criança.
Não olhar nos olhos, atraso na fala, fazer movimento repetitivos, dificuldade em sair da rotina, alimentação seletiva, gostar de objetos diferentes para brincar, como um chuveiro por exemplo.
Entre outros sinais, ao ser matriculado em uma escola, a convivência com outras crianças foi um dos desafios. Seguindo orientações procurei ajuda.
Agora, além do tratamento dos membros inferiores, também precisávamos aprender a conviver com o autismo.
Com o diagnóstico de autismo, dei início a uma nova etapa, as terapias, por anos, estimulando e vivendo um dia por vez.
Comemoração a cada conquista mínima e frequentando a escola, muitos profissionais excelentes fizeram parte do desafio da alfabetização. Outros nem merecem ser lembrados pelo péssimo trabalho prestado.
O esporte foi apresentado ao Lucas desde cedo, a natação veio como auxílio aos medicamentos e terapias.
Por muitos anos busquei atendimento especializado a pessoa com deficiência, mas nunca foi oferecido em nossa cidade.
Entretanto, vi neste ano a oportunidade única, de atendimento direcionado a pessoa com deficiência. O Centro de Referência Paralímpico, um projeto da UNEMAT – Universidade Estadual de Mato Grosso sob coordenação do professor Emanuel Carvalho,
Fiz a matrícula e assisti algumas aulas, mas vi a importância de deixa-lo aos cuidados dos professores. Uma independência assistida.
Após uma reunião da esquipe com os pais, entendi a importância da assiduidade do Gabriel nas aulas.
No primeiro momento fez natação, em seguida o badminton.
Fui informada sobre a viagem para outro estado, sem minha presença. Fiquei apreensiva, e pensando em todo o processo, anos de terapia e medicamentos.
Chegou o dia da viagem, malas prontas, Lucas Gabriel tranquilo. Marquei um jantar com o professor Emanuel, para ele e meu filho conversarem e eu passar alguns detalhes sobre o cotidiano do Lucas.
E, mandei por escrito também,
Saíram daqui num domingo à tarde, eu contendo as lágrimas.
Tudo deu certo, cada detalhe registrado por fotos…
Fiz minha parte. Conter-me, para não ligar a cada minuto e, deixá-lo viver este momento de tantas descobertas.
Retornou com uma medalha de bronze e muitas histórias, sempre me dizendo que “só estar lá foi uma vitória.”
Ele retornou supermotivado. A oportunidade de conversar e conviver com outras pessoas, interagir, jogar em dupla. Foram pequenas ações, mas representam uma grande conquista para meu filho Gabriel. Que pela primeira vez viajou experimentando independência e autonomia.
Para o próximo ano, mais viagens para competição.
Eu sempre acreditei no meu menino, mesmo com prognósticos ruins em algumas consultas, vivo um dia por vez pois ainda temos muito a conquistar. Nossa caminhada continua.
Autora do texto: Luzileide Aparecida dos Santos mãe do Lucas Gabriel dos Santos Oliveira.
Que legal 🙂 muito importante a sua história Luzileide! Incentiva outras mães a permitirem seus filhos sejam protagonistas de suas histórias. Embora precisem de ajuda, podem ser incentivados a terem uma meta e sentirem o sabor da conquista. Show!!!
Parabéns !!!! Que venham mais conquistas…