Pedro a saborear fatias de alegria e independência

Compartilhei da sua alegria, mas cheguei a pensar que a independência era uma dose de vaidade.

Para quem mora em Cáceres-MT, essa semana foi de atividades para homenagear ao padroeiro da Cidade “São Luiz de França”. Para quem não conhece Cáceres a Catedral tem uma arquitetura belíssima. Escolhi dois dias para levar Pedro, por um acaso um desses dias coincidiu com a presença do Arcebispo de Cuiabá. Após a missa, alguns fiéis subiram ao púlpito para tirar fotos com o Arcebispo. Enquanto dizia oi para uma colega, perdi Pedro de vista e um segundo depois, lá estava Pedro ao lado do Arcebispo a tirar foto.

Após a foto tirada, caminhamos para fora da igreja e, ao fazermos isso, ele foi cumprimentando todos os padres que encontrava pelo caminho.

Ao chegarmos do lado de fora paramos na barraca do pastel, com algumas amigas, ouvindo a banda do quartel e saboreando pastel com caldo de cana. Algo tradicional em Cáceres. No final, ao irmos embora Pedro estava transbordando de alegria.

Claro que no outro dia ao amanhecer, ele já estava se informando quando seria o dia de São Luiz e lembrando que ele ia participar da procissão, sua madrinha Ana Maria, perdeu a conta das ligações recebidas para confirmar se ela iria na procissão com ele.

Na quarta-feira a tarde fomos ao centro. Na volta ele declarou:

– Mãe, preciso cortar o meu cabelo.

Observei seu cabelo.

            – Pedro, não é necessário, seu cabelo está curto.

            – Não! Mãe, eu preciso cortar o cabelo e fazer a barba para ir na procissão amanhã.

Argumentei mais uma vez que não era necessário. Em vão.

            – Mãe, por favor vamos passar no barbeiro.

            – Ok. Pedro.

E, lá fomos nós ao barbeiro, um Pedro super animado e falante. Achou uma revista de Aparecida na mesa e foi contar para um conhecido que ele já tinha ido a Aparecida. O senhor perguntou se ele realmente já tinha ido lá, confirmei que sim.

Entretanto, o que foi mais interessante, e que Pedro dá muito trabalho para cortar o cabelo e tirar a barba. Mas como naquele momento ele estava a fazer algo porque tinha escolhido fazer, acreditem ele deu menos trabalho e foi mais rápido. E seu cabelo estava tão curto, que na parte de cima não pode cortar.

Ficou tão animado que permitiu tirar foto para mandar para a dinda Claudia. No geral ele não gosta de tirar foto.

Enfim. chegou quinta-feira o dia da procissão, mas era necessário esperar, afinal a procissão seria às 17 horas na Praça Duque de Caxias. Embora todos os anos eu o leve, sua ansiedade foi tanta que ele não conseguiu almoçar.

Na hora de irmos só não amarrou o tênis porque isso é algo que ele ainda não consegue fazer, pegou o folheto de cânticos, e lá fomos nós: eu, ele e a madrinha dele.

Para ele a procissão é um evento grandioso, e sua felicidade é imensa, olha para os acólitos e me cobra porque eu não o deixei ser um. Ao mesmo tempo me comunica que ele irá ser Padre.

Por telefone avisou para Berna que iria rezar pelo irmão dela que está doente à espera de um transplante de coração.

Percebi que não foi por vaidade que ele decidiu a cortar o cabelo e fazer a barba, acredito que ele deu mais um passo na perspectiva de aprender a cuidar do seu corpo. Esse aprendizado é maravilhoso.

Sua alegria me faz feliz, sua independência me liberta e sua humanidade me torna um ser humano melhor. Com ele, o aprender a respeitar, amar e aceitar é contínuo.