Festival Paralímpico: Onde a Invisibilidade Dá Uma Pausa

14 de junho de 2025. Foi dia de Festival Paralímpico.
Desta vez, maior. Mais cores. Mais gente. Mais vida.

As barracas estavam espalhadas pelo espaço, montadas com a ajuda do pessoal do Exército na véspera. Cada uma, um ponto de acolhida, de estímulo, de encontro.

O ginásio pulsava: bola quicando, crianças correndo, professores chamando os grupos, cheiro de alegria e de esforço coletivo. Quem conhece a realidade das crianças no espectro sabe: um ambiente assim pode ser um desafio. Por isso, um cantinho mais tranquilo foi reservado do lado de fora. Lá, os que precisavam de menos estímulo puderam respirar melhor.

Pedro, como sempre, estava no meio da multidão. Circulava entre os grupos, sorria para os professores, fazia amizade com os monitores, mas dificilmente parava tempo suficiente para concluir alguma atividade. Quando o vi filmando os colegas com o celular, pensei: “Pronto, hoje ele não participou de nada.”

Mas a vida gosta de surpreender. No fim da tarde, recebi um vídeo da professora Katiane. Lá estava Pedro, jogando bola. E detalhe: ele mesmo pediu para ser filmado. Quis registrar o momento. Talvez para se ver depois, talvez para provar a si mesmo que estava ali, parte da festa.

O que mais me marcou neste festival?
Ver tantos rostos novos.
Ver crianças típicas e atípicas compartilhando o mesmo espaço, com naturalidade.
Ver mães e pais sentirem os filhos incluídos.
Ver choro… de frustração boa, de querer mais.
O filho de uma amiga chorou porque achou que o evento tinha terminado antes de ele conseguir fazer tudo. Quem é mãe atípica entende: aquele choro era desejo de viver o que sempre é negado.

Como sempre, observei os detalhes:
As conversas entre mães.
Os olhares de alívio.
Os sorrisos cúmplices.
Aquele respirar coletivo de quem, por algumas horas, deixou a invisibilidade de lado.

Tenho certeza: o Festival Paralímpico agora faz parte do calendário afetivo e social da cidade.

A Secretaria de Educação estava lá, ela é parceira no transporte.

Mas, como cidadã e mãe atípica, preciso dizer:
Senti falta dos vereadores.
Cáceres tem muitos mães e pais atípicos.
E, todos nós votamos. Nossas famílias também.

Meu agradecimento à equipe do Paralímpico. Organizar um evento desse porte não é fácil. E mesmo assim, cada um de vocês foi gentil, disponível e atencioso com nossos filhos — e conosco.

O que vocês constroem ali é mais do que um evento. É um espaço de pertencimento e sonho.

O de Pedro — ele repete sempre que encontra o professor Emanoel em qualquer canto da cidade:

“Quero viajar com a turma para competir em outra cidade.”

E você?
Vai estar no próximo festival para aplaudir?

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