Escrever, sonhar e cuidar: A Jornada que me conduziu à ACADEPAN

No último dia 24/01/2025, tive a honra de participar da cerimônia de 14º aniversário da Academia Litero-Cultural Pantaneira (ACADEPAN), na cidade de Poconé, Mato Grosso. Durante o evento, aceitei oficialmente o convite para integrar essa prestigiada instituição, um momento que representa não apenas uma conquista pessoal, mas também o reconhecimento de uma trajetória pautada pela dedicação, escrita e cuidado.

A ACADEPAN, com sua missão de valorizar e difundir a arte e a cultura local, é um espaço que abraça todas as tessituras da identidade pantaneira: desde a culinária local, as danças, as rezas e a música, até as histórias das comunidades que dão vida ao Pantanal. Próximo a cidade de Poconé, há uma comunidade quilombola, ao atravessá-la a gente começa a sentir-se imerso na diversidade cultural e humana que forma essa região única.

Durante a cerimônia, uma imortal leu e refletiu sobre um trecho da Bíblia que fala sobre fé, esperança e amor, reforçando que “o maior deles é o amor”. Esse texto bíblico, que também inspirou Camões em seus sonetos e a banda Legião Urbana na música Monte Castelo, ecoou profundamente na celebração. Foi um lembrete poderoso de que a cultura e a espiritualidade caminham lado a lado, unindo pessoas por meio de sentimentos universais e atemporais.

O blog Quem Cuida do Cuidador, que venho escrevendo ao longo dos anos, nasceu da necessidade de trazer visibilidade à experiência do cuidador familiar, uma jornada muitas vezes invisível, mas essencial. Por meio das palavras, transformei desafios diários em uma narrativa que informa, sensibiliza e promove reflexão.

Escrever sobre o cuidar não é apenas descrever uma experiência pessoal; é registrar a essência de valores sociais e culturais que permeiam nossas comunidades. A história de quem cuida é também uma parte do legado cultural, pois reflete os costumes, tradições e as mudanças necessárias para que nossa sociedade avance com dignidade e respeito.

Ao vivenciar a diversidade de expressões valorizadas pela ACADEPAN, como a culinária, as danças tradicionais, a música regional e as artes, percebi que o ato de cuidar também pode ser comparado a uma forma de arte. Assim como o escultor – profissão do novo presidente da academia – transforma a matéria bruta em algo belo e significativo, o cuidador transforma desafios diários em gestos de amor e resiliência.

A música, tão presente na cultura pantaneira, também ressoa nessa conexão. Canções que falam das paisagens, das águas, dos rios e da alma do Pantanal carregam uma simplicidade poética que inspira e conforta. Assim como a música narra histórias e traduz emoções, o cuidado transmite humanidade e cria laços que vão além das palavras.

Minha dedicação às causas que envolvem os direitos das pessoas com deficiência, idosos e dos cuidadores familiares está intrinsecamente ligada aos objetivos da ACADEPAN. Essas ações não são apenas batalhas individuais; são esforços coletivos para transformar a realidade de quem muitas vezes é deixado à margem.

Reconhecer e valorizar os cuidadores é também reconhecer a cultura que queremos construir enquanto sociedade. Afinal, como podemos promover a arte e a cultura se não cuidamos daqueles que mantêm vivos os valores mais fundamentais da humanidade?

Escrever, sonhar e cuidar sempre foram os pilares da minha jornada. Ao aceitar fazer parte da ACADEPAN, levo comigo não apenas minha experiência, mas também as histórias de todos os cuidadores que, silenciosamente, sustentam vidas, famílias e comunidades.

Agradeço profundamente à imortal Madalena Souza Pinto pelo convite e pela confiança em meu trabalho. Meu desejo é contribuir para que a academia continue sendo um espaço de valorização da arte, da cultura e das transformações sociais, dando voz a quem cuida e preservando os legados de nossa terra pantaneira.

O cuidador é mais do que um agente de apoio; ele é um guardião da humanidade. Que essa nova etapa seja uma oportunidade para celebrar, inspirar e transformar, unindo cultura, cuidado, espiritualidade, música e escrita em uma jornada que, acima de tudo, reflete a força da vida.