Ouvi esta frase de um escritor que gosto muito, Fabricio Carpinejar. Então pensei preciso dela emprestada. Mas sabe aquele empréstimo que tu já estás a usar quando comunica ao dono que vai usar, foi assim comigo.
Meu filho Pedro tem 18 anos, e se tivesse acreditado nos diagnósticos ouvido ao longo dos anos, talvez ele não fosse a pessoa que ele é hoje, em uma consulta no auge das crises do meu filho e médico neuro pediatra sentenciou: normalmente os pais quando descobrem a doença fazem de tudo pelos filhos deficientes, mas com o passar do tempo os abandonam.
Diagnóstico terrível, então eu disse não vou abandonar meu filho, afinal para ter ele já tinha deixado ir alguns sonhos, que davam sentido a minha vida, por acreditar que a vida dele era um projeto de vida e um sonho muito maior, que os anteriores. Hoje tenho certeza que não me enganei.
Vivi e vivo o desespero de alguns momentos não saber qual a melhor atitude a tomar, vivi o luto de saber que a vida do meu filho não seria da forma como eu tinha sonhado que seria, enquanto ele estava na minha barriga. E lhe contava belas histórias sobre o mundo aqui fora e todas as aventuras que viveríamos juntos. Adquiri algumas doenças por sentir demais. Sofri a dor da rejeição vinda de parentes e amigos durante muito tempo, que o julgavam mal educado. Mas também aprendi a me afastar das pessoas tóxicas, com total convicção que elas é que não mereciam estar próximas de meu filho.
Hoje, meu filho escolhe os amigos de um jeito tão natural, que não me causa preocupação. Também, pessoas há, que a anos tenta se aproximar e ele mantém a distância. Por outro lado, aqueles que ele gosta, consegue ganhar abraços calorosos.
Não está alfabetizado, mas faz uma leitura de mundo e de pessoas surpreendentes. Distribui amor e alegria por onde passa. Fala com espontaneidade, é um otimista nato, sonha sem fronteiras. Não desiste do que quer. Tem certeza que irá aprender a juntar as letras e ler. O passar do tempo não o incomoda. É um excelente inventador de histórias, com a habilidade de colocar as pessoas a sua volta como personagens. Enfim sabe prender a atenção dos ouvintes. Habilidade essa tão almejada por muitos, ditos normais.
A deficiência vem acompanhada de algumas limitações. Mas qualquer ser humano, se for honesto consigo mesmo sabe que possui alguma limitação. Talvez vocês possam me dizer ele não filtra o que diz. E daí? E nós normais, quantas vezes adoecemos, por ficar remoendo aquilo que queríamos ter dito para o outro, e não dissemos.
Portanto é maravilhoso pensar que diagnóstico não é destino, se eu tivesse ficado presa aos diagnósticos que meu filho recebeu, ele hoje não seria essa pessoa alegre, sonhadora e iluminada, que é.
E, eu não seria hoje, uma pessoa que percebo a dor do outro e me importo. Portanto mães de filhos com deficiência, libertem-se dos diagnósticos que seus filhos receberam e construam um destino que vá além do julgamento das pessoas, extrapolem com seu filho todos os limites que pessoas limitadas tentam impor. Afinal de contas o universo é tão amplo, e sempre vamos encontrar pessoas e espaços que acolhem a nós e nossos filhos com calorosos abraços.
Ah! E o destino, este fica por conta das infinitas possibilidades…
Lindo o texto é verdadeiro
Receba o meu caloroso abraço Cicera e nele inclua o seu filho… sei muito bem a que se refere … a empatia pôe-nos no lugar do outro e faz-nos sentir as suas dores… e se fossemos nós no seu lugar ? É preciso que façamos a nós próprios essa pergunta… Em Portugal temos um dizer muito antigo ” Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”… assim de simples… Força para a missão… vamos juntas!!!
Malu é o que tenho buscado ser verdadeira com o meu sentir.
Fernanda segundo a drª Ana Claudia Arantes precisamos ir da empatia, para a compaixão. Pois quando temos compaixão transformamos a dor do outro.
E já se vão muitos anos desde que Pedro estreou na vida e na nossa vida, provocando reviravoltas já desde o hospital, provocando disputas entre uma tia e uma amiga que disputavam para saber quem o pegaria no colo primeiro. A vida dele é sim o resultado direto de sua luta como mãe, cujo posicionamento sempre foi o de primeiro buscar, enfrentar, encarar as situações, para só desabar quando não havia a mínima possibilidade de ser vista ou ouvida.
Chegou a hora de ser vista, de ser ouvida, de ver e de ouvir. Que seu blog seja sucesso e inspiração para outras mães e outras pessoas, independentemente de serem cuidadoras ou não.
KKKK KELEM VC LEMBROU DE QUEM PEGARIA O PEDRO…VAMOS FAZER PAUSAS…É FATO QUE A EXPERIÊNCIA DE VIDA DA CICERA AJUDARA MILHARES DE PESSOAS ,PARABENIZO _A PELO CUIDAR E PELO COMPARTILHAR.
essa história nunca saiu da minha memória Malu kkkkk
Kelem, as amizades verdadeiras dão o suporte e a inspiração necessários, para continuarmos a caminhada. Pois por mais cuidadores que sejamos, de vez em quando também precisamos ser cuidados.
isso é fato minha amiga… e nós sabemos o quanto isso pode ser impactante na vida de quem cuida e do quanto ter quem nos ouça pode fazer a diferença entre o ato de desistir e o de persistir
Cícera parabéns pelo empenho, coragem e generosidade. Ao expor os seus desafios vividos por AMOR, não tenho dúvidas que vai CUIDAR e ajudar muitas famílias no enfrentamento corajoso de um diagnóstico. Lindo!!!
Minha amiga Bernardete quando fala de desafios é com conhecimento de caso, por várias vezes ser a companheira que me acompanha nas viagens de passeio e para constantes consultas com Pedro.
Que saudades do Pedro! Esse menino me deu a mais bela lição de vida! Parabéns Cicera por nunca desistir dessa eterna criança que você tem! Muito comovente as sua palavras, parabéns pelo Blog!
Professor Moacyr o senhor é o exemplo de que mesmo quando a gente não sabe o que fazer, se quiser é possível aprender. O senhor tem o meu respeito e gratidão. Pedro sempre sabia o dia das suas aulas.
Não podemos limitar… e receber o abraço do Pedro aquece o nosso coração.