O fio que une: ouvir, acolher, incluir
Setembro carrega três cores e três causas. Três formas diferentes de lutar por um mesmo direito: viver com dignidade.
O mês é amarelo, quando falamos da dor silenciosa que pode levar alguém ao limite.
É azul, quando lembramos das vozes que o mundo ainda não aprendeu a escutar.
E é verde, quando somos chamados a olhar de frente para as barreiras que afastam pessoas com deficiência de uma vida plena.
Em comum, está o clamor por respeito, por escuta e por ação.
Setembro Amarelo – Falar sobre dor é salvar vidas
A prevenção ao suicídio começa muito antes da crise. Começa quando alguém sente que pode ser ouvido, sem julgamento.
Há dores que não têm nome, mas têm sinais. E muitas vezes, basta alguém que pergunte com interesse verdadeiro: “Como você está de verdade?”.
Falar sobre suicídio não incentiva, não banaliza — salva vidas.
No Conselho, reafirmamos: o silêncio, neste caso, mata. A escuta é o primeiro passo para o cuidado.
Setembro Azul – Quem vive em outra língua também tem o que dizer
Ser surdo não é ser incapaz. É falar uma outra língua – a Língua Brasileira de Sinais (Libras), que ainda não é tratada com o devido respeito.
Sete em cada dez surdos no Brasil não têm acesso pleno à educação bilíngue.
E a presença de intérpretes de Libras nas instituições públicas ainda é insuficiente e, muitas vezes, ignorada — o que compromete o acesso à saúde, à justiça, à educação e aos serviços básicos.
Falar de inclusão é, antes de tudo, reconhecer a surdez como parte da diversidade humana, e não como uma limitação.
Setembro Verde – Pessoas com deficiência existem, resistem, e têm direitos
Rampas de acesso, cadeiras de rodas adaptadas, intérpretes, acessibilidade digital e arquitetônica… tudo isso é importante.
Mas inclusão começa na atitude: quando enxergamos a pessoa antes da limitação.
Pessoas com deficiência não precisam de piedade, mas de acesso, voz, participação e respeito.
O capacitismo ainda silencia sonhos. A exclusão muitas vezes é mascarada de descaso ou despreparo.
É hora de mudar isso.
Três cores, um só chamado: ver o outro por inteiro
O que une essas três causas é o que, tantas vezes, falta no cotidiano: atenção real ao outro.
Que setembro nos lembre que inclusão não é caridade — é justiça, é cidadania.
E que ouvir, acolher e agir podem, sim, salvar uma vida, abrir uma porta ou devolver um sonho.


E como ver e ouvir o outro por inteiro tem sido cada vez menos real… é realmente preciso reeducar o olhar e o ouvir para seguir em frente.
Excelente reflexão! Incluir é promover acessos com equidade.