Cáceres – MT, 27 de junho de 2025
Naquela noite, não foi apenas mais uma reunião.
Foi uma ocupação. Um rompimento com o silêncio.
Um chamado para ver, ouvir e agir.
A Audiência Pública promovida pela Deputada Estadual professora Graciele e pelo Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência foi muito mais que um ato formal: foi um grito coletivo por dignidade, por escuta verdadeira, por políticas que toquem a vida real.
Estávamos lá — mães, filhos, cuidadores, pessoas com deficiência de todas as idades. E com a gente, a urgência de existir com plenitude.
A presença que constrói e a ausência que fere
A mesa estava composta por vozes importantes:
A deputada estadual, Graciele representantes das secretarias de Educação e Assistência Social, a Defensoria Pública, a UNEMAT. Gente que ouviu com atenção e prometeu caminhar junto.
Mas também houve ausências.
O presidente da Câmara Municipal e a Secretaria de Saúde não compareceram.
E aqui, deixamos claro: quem se omite diante da dor também fala — e diz que não se importa.
O que queremos — e o que exigimos
Apresentamos três demandas essenciais:
- Um Censo Municipal da Pessoa com Deficiência.
Porque sem dados, continuamos invisíveis. - A convocação de uma Conferência Municipal.
Porque a cidade precisa parar para nos escutar de verdade. - A criação do Plano Municipal da Pessoa com Deficiência.
Com diretrizes reais para saúde, educação, reabilitação, cultura, lazer e trabalho.
E ainda: a contratação imediata de um intérprete de Libras.
Temos uma conselheira surda. Precisamos mais explicar?
Propostas que nascem da pele de quem vive
Propostas que emocionaram e reacenderam esperanças:
A primeira: um sonho surgido de um relato pessoal.
O diretor do IFMT, professor Reginaldo Medeiros, falou sobre a felicidade do irmão ao ter contato com cavalos. Dali nasceu a ideia de um programa de equoterapia, dentro do próprio campus. Sonho? Sim. Mas com cheiro de chão possível.
A professora Betânia, da Escola Técnica, levantou a mão e disse: “Conte com a gente.” E assim, o futuro começou a se desenhar em rede.
Então percebi que aquele era o momento de compartilhar com todos um projeto-piloto que está sendo gestado a meses, para mães atípicas e seus filhos, com formação, acolhimento e escuta. Porque ninguém cuida com leveza se não for também cuidado.
Ambas as propostas foram abraçadas com emoção.
Do Conselho para o povo: seguimos juntos
O vice-prefeito Luís Landim lembrou que a luta por uma rede de apoio é de longa data.
Propusemos a criação de um Grupo Intersetorial Permanente.
Queremos garantir que tudo o que foi dito ali não fique no papel. Que vire ação, acompanhamento, resultado.
E agora fazemos um convite especial: ao defensor público Antônio Góes de Araújo.
Que, por seis anos, vê nossos direitos sendo rasgados.
“Junte-se a nós.”
Porque cuidar de um filho com deficiência é já carregar o mundo nas costas. E a gente precisa de mãos que não soltem no meio do caminho.
E para quem não foi?
Para os que estavam lá, foi um sopro de reconhecimento. E, esperança de que nossas solicitações chegue a Assembleia Legislativa
Para os ausentes, um recado direto:
A omissão também comunica.
E hoje, comunicamos de volta:
Não vamos mais esperar em silêncio.
A luta é nossa. O tempo é agora.
E ninguém mais fala por nós — nós falamos por nós mesmos.