Quando pensamos em um sanduiche, geralmente o vemos formado, por uma camada de pão, em seguida o recheio e para finalizar outra camada de pão. O pão precisa ser bom, mas é o recheio que faz toda a diferença; os ingredientes precisam estar na quantidade certa e os temperos também. E se descuidarmos do tempero pode ficar salgado, muito doce, amargo, azedo ou até muito apimentado. Todos os ingredientes precisam estar em equilíbrio. Assim como nossas emoções quando cuidamos de outras pessoas.
Sou cuidadora sanduiche, logo sou o recheio na vida do meu pai e do meu filho. E a forma como lido com as minhas emoções, é determinante na qualidade de vida deles e da minha também.
Ao cuidarmos, precisamos regular as nossas emoções. Pois quando exageramos em nossos sentimentos nossas interações com o outro podem azedar, ou amargar muito. Sem contar nas doenças que surgem quando perdemos o controle de nossas emoções e nosso corpo fica desiquilibrado.
Quando isso acontece, deixamos de ser o recheio que possibilita aos outros que convivem conosco, serem felizes. E deixamos de ser um todo harmonioso, com sabor revigorante e auspicioso.
Um sabor agradável, permite que os outros queiram estar à nossa volta. Já ouviram a expressão: fulano tem um sorriso doce! Mas alguém de cara fechada, com um sorriso que a boca mais parece um U virado para baixo, faz com que a gente se afaste.
Como cuidadores sanduiches, às vezes ficamos tão sobrecarregados, atendendo as necessidades das pessoas que precisam de nós e, as circunstancias as tornam tão diferenciadas que é impossível as vontades serem as mesmas.
As necessidades de meu pai de 97 anos e de meu filho de 21 anos são quase incompatíveis, e o tempo para fazer o que é do meu interesse é quase zero. Se não tivesse a rede de apoio de minha família e de amigos próximos, talvez há muito tempo eu já tivesse me tornado um recheio estragado. Vencido.
Como cuidadora, busco cuidar do meu corpo, da saúde física e mental, para ter equilíbrio suficiente, e não mergulhar nos problemas do dia a dia, esquecendo os amigos e o convívio social. Embora eu esteja a construir uma carreira de escritora, reconheço que a minha escrita também é terapêutica.
E, assim como meu pai e meu filho, ou qualquer outra pessoa nessa vida, eu e você precisamos de atenção, respeito, amor e compaixão. Estes são os temperos que precisam estarem presentes em nossas vidas. Eles, na dosagem certa, produzem o equilíbrio necessário para se cuidar de si e do outro. Quando nossa vida está em harmonia conseguimos cuidar do outro e da gente.
Equilíbrio é o que todos precisamos, para que nossas vidas sigam adiante com sabor, amor, frescor e cuidador.
Como está a dosagem dos temperos da sua vida hoje?
Após a leitura fiquei pensando….quando tratamos de emoções, não encontramos um grande número de pessoas que não se abalam diante da ação sofrida de uma outra pessoa e que de forma direta podemos influenciar no tempero da vida de outras pessoas.