Eu sou.
Cuidador sanduiche é aquela pessoa que precisa cuidar, ao mesmo tempo, de mais de uma pessoa de gerações diferentes. Um nome mais elegante seria cuidador multigeracional. Na configuração da sociedade atual, é muito comum pessoas da minha faixa etária estarem a cuidar de pais idosos, às vezes filhos e em algumas situações, netos também.
Outra característica desse grupo, é que a maioria das pessoas que exercem esta função no momento são mulheres, raramente os homens.
Ao levar em conta minha experiência de cuidar, percebo que nem sempre conseguimos cuidar de gerações diferentes, dando a ambas a atenção que precisam ou merecem. No meu caso ao cuidar de meu pai de 96 seis anos, tenho certeza de que nesse processo, Pedro Henrique é prejudicado.
Então procuro não deixar o medicamento dele faltar e como ambos estão na categoria de vulneráveis e nenhum dos dois podem ficar sós, meu filho fica sem as terapias e atividades físicas que são essenciais para continuar caminhando, por toda a vida.
Qualquer um que seja cuidador sanduíche, também sabe o que é ficar cansado, estressado e sobrecarregado.
Ainda não compreendo o fenômeno pelo qual os membros de uma família acreditam que apenas um da família tenha que assumir a responsabilidade de cuidar em tempo integral, enquanto alguns se prontificam a fazê-lo de vez em quando e outros esporadicamente. Outros ainda, só o fazem se forem obrigados a isso.
Será que aqui no Brasil é uma prática cultural?
Outro fator interessante é que ao cuidarmos, não podemos reclamar, e aos poucos vamos somatizando doenças físicas e emocionais e corremos o risco de precisarmos ser cuidados também.
Deixamos de ter vida social, visitar os amigos e, ousar pensar em viajar é como querer roubar o fogo do Olimpo, como fez Prometeu, seremos castigados. Possivelmente, porque ninguém quer ter sua rotina alterada.
E os Poderes Públicos, onde estão?
Quando vocês vão se dedicar a criar políticas públicas para se ter espaços adequados para acolher estas pessoas tanto no período diurno como noturno.
Quando terão programas para orientar as pessoas que vão começar a cuidar.?
Nós cuidadores familiares, às vezes realizamos procedimentos que deveriam ser, por um profissional qualificado.
Em situações assim, a quem recorrer?
Cuidar do outro é uma ação que exige compaixão, respeito e harmonia. E, ao sermos cuidadores sanduiches, temos necessidades semelhantes.
E então poder público??? Oque vocês estão fazendo ou projetando para tratar de uma necessidade que é de uma minoria?? Defesa das minorias né??!!! Lembram dos discursos nas eleições????!!!! Ou só irão lembrar nas próximas eleições ???
Que Deus continue dando-lhe forças Cícera 🙏🙏🙏
Parabéns prof. Cícera, passei um tempo só analisando a foto de início do texto. Ela diz tudo, seu sorriso entre os dois está de forma natural, verdadeiro, imagino que nem todos momentos é possível esboçar este sorriso. Continue sempre insistindo de forma incisiva com o poder público um dia sua vós encontrará eco.
Edir, é preciso que outras vozes se levantem.