Você foi gentil hoje?

A gente ouve tantas vezes que gentileza gera gentileza, muitas vezes, nos tornamos insensíveis, não valorizando muito quando a recebemos, ou nos esquecendo de praticar os pequenos gestos que podem gerar grandes resultados na vida de outrem.

Ontem, observei alguém a praticar uma gentileza da forma mais espontânea possível. Tenho certeza que ela não se deu conta da grandeza do que estava fazendo.  Sabe aquele dia em que imprevistos acontecem? Chegou a hora de levar meu filho na Psicopedagoga, e não tinha com quem deixar meu pai. Minha irmã tinha saído e não conseguiu voltar a tempo. Então minha única opção era levá-lo também para o consultório.

Nesses momentos é delicado quantas vezes preciso dizer a meu pai que Pedro Henrique está sendo atendido. Pois, acostumado à presença do neto, a todo instante ele pergunta: “Cadê Pedo?”

Transcorrido o tempo de atendimento, Rose voltou com Pedro. Em seguida ajudou meu pai a se levantar da cadeira. Foi uma gentileza. Mas não parou por aí, ela poderia ter segurado o seu braço, ajudando-o a caminhar apenas até a porta do consultório. Já seria uma boa gentileza. Ou apenas tê-lo amparado até o portão da clínica. Mas ela foi bem mais longe. O ajudou a caminhar até a porta do carro. Durante o trajeto perguntou:

─ Quantos anos ele tem?

─ 95 anos, respondi.

─ Nossa! Quase um século. Ela comentou.

Ao chegar ao carro o ajudou a entrar e deu tchau.

Claro que esse tempo, durou alguns minutos, pois meu pai caminha com dificuldade e lentidão, mas não perdurou muito.

Foi algo mínimo? Sim. Mas fiquei feliz. Era alguém que não tinha nenhuma obrigação de dar atenção ao meu pai. Entretanto foi educada, atenciosa, para além de suas obrigações contratuais. Foi amável, gerou uma gentileza. Observei o sorriso alegre de meu pai. Foi visto, olhado, atendido amorosamente!!!

Acredito que uma das coisas mais tristes da velhice é ser ignorado. Os idosos adoram alguém que lhes dê atenção, alguém que ouça suas histórias e quando nos permitimos ouvi-los, temos a oportunidade de aprender muito. Pois é isso que as histórias de vida nos possibilitam. Aprendermos com a história do outro, sem precisarmos passar pelas mesmas experiências.

Quanto a atenção que Rose dedicou a meu pai, só tenho a agradecer. Pois também já experienciei situações em que ele foi ignorado e foi muito decepcionante.

Você precisa de tão pouco para praticar uma gentileza. Segurar uma porta aberta, ajudar alguém a subir uma escada, parar o carro para que quem está a pé possa atravessar a rua com tranquilidade, oferecer um copo d’água, carregar uma sacola, sentar num banco de praça e ouvir, olhar nos olhos, sentar à mesa com seus pais e avós, etc.

Você pode acrescentar aqui várias outras situações em que poderíamos realizar uma gentileza em questão de segundos.

Acrescente quantos exemplos quiser. E o mais importante. Vamos praticar gentileza. Dizem que o principal beneficiado somos nós mesmos, pois em nosso corpo é espalhada uma sensação de bem-estar e alegria. É a ocitocina: o hormônio do amor!

Vamos experimentar?

Em pequenos cuidados e ações poderemos desfrutar juntos desse grande bem-estar.