Ser Conselheira de Saúde, não é fácil, mas é possível. Muitas vezes, temos apenas uma vaga noção sobre a função. Acompanhar os gastos da saúde, investigar as denúncias e aprovar as demandas que chegam de última hora. Somos informadps que caso a gente não aprove, quem vai perder aqueles recursos são os munícipes, que tanto precisam. Ora uma reforma, ora um transporte e por aí vai. Às vezes, a demanda chega, sem tempo hábil para discussões.
Entretanto, a semana passada aconteceu uma formação, no Município de Tangará da Serra, em Mato Grosso, com a presença de representantes dos municípios de: Alto da Boa Vista, Barra do Bugres, Cáceres, Cuiabá, Guarantã do Norte, Juruena, Nova Marilândia, Santa Terezinha, Sapezal, Tangará da Serra e Vila Bela da Santíssima Trindade. O “PARTICIPA + FORMAÇÃO PARA O CONTROLE SOCIAL NO SUS, que possibilitou uma compreensão ampliada do papel do conselheiro no SUS – Sistema Único de Saúde,
Além de aprovar, acolher denúncias e investigar, podemos apontar problemas e com o Secretário de Saúde, buscar possíveis soluções. Ao conhecermos quais são as necessidades dos munícipes.
À luz das reais necessidades da população, também podemos dizer não a emendas parlamentares, pois, talvez por desconhecimento da carência de cada região, os parlamentares proponham uma forma de execução igual para todos os munícipios. Cada região tem suas especificidades.
Há municípios, nos quais os recursos poderiam ser melhor aproveitados se o Secretário de Saúde e os Conselheiros decidissem qual a forma de aplicabilidade, que permitiria atender um maior número de pessoas com consultas e exames.
Frente a essa realidade, é essencial refletirmos sobre a importância de Conselhos por cada Unidade Básica de Saúde. Assim, recuperaríamos a ideia originária do PSF, que seria a de trabalhar com a saúde familiar, na sua integralidade.
Um conselho local conheceria os moradores do bairro, saberia definir quais as necessidades por microrregião, quais as demandas existentes. O dinheiro destinado a Saúde, poderia ser melhor aplicado.
Nós precisamos assegurar nossos direitos, para o investimento do SUS chegar para todos. Principalmente, para aquele que está lá na ponta e acha que quando recebe um atendimento do SUS, está recebendo um favor e não um direito. Já pagamos por esse direito, ao pagarmos nossos impostos.
Outra situação é a forma como esse dinheiro é aplicado, pois se não houvesse tanta terceirização de serviços, uma grande fatia dos investimentos poderia reverter em favor dos serviços públicos. Certamente a Saúde no Brasil poderia atender um maior número de pessoas, com equidade e respeito as diferenças.
E nós, mães de filhos no espectro autista, não estaríamos em uma fila de espera, para que nossos filhos sejam atendidos pelos profissionais necessários na fase de desenvolvimento, que representam a diferença de no futuro eles terem autonomia de vida prática, ou não. E poderia ser evitado mutirão de dois dias, pois o atendimento ao autismo deve ser contínuo.
Outro exemplo, são os idosos, que a cada dia aumentam e não há políticas públicas realmente adequadas sendo construídas, para atender esta população em suas especificidades, na perspectiva de envelhecerem com autonomia.
Autonomia que requer uma série de cuidados. E no Brasil, na grande maioria, quem cuida é a mulher, que no processo de cuidar do outro, esquece de se cuidar, de se proteger de um processo que é extremamente desgastante.
E até nos discursos religiosos, ouvimos que nós mulheres somos mais habilidosas ao cuidar. Acreditem, habilidade qualquer um de nós pode e devemos desenvolver.
Portanto, mulheres precisamos mostrar para o mundo que o cuidado e responsabilidade de todos e dever do Estado.
Juntos podemos exercer o controle social no SUS, para construirmos a Saúde que precisamos e queremos.
Essa responsabilidade é minha, é sua, é de todos nós…
Lindo texto! 💞