Você já disse OBA hoje?

Podemos aprender e começar a dizer imediatamente, se observarmos as crianças veremos que elas dizem essa palavra com muito mais frequência que nós adultos. Elas quando fazem uma escolha não ficam horas remoendo se aquilo está certo ou errado, é apenas uma escolha e aceitam.

Hoje, estou a pegar a palavra OBA do autor Robert Happé emprestada, em conjunto com seu significado.  Pois ele afirma que quando conseguimos falar oba “estamos prontos para observar uma situação, para balancear o que está acontecendo, e para aceitar.”

Quando temos filhos diferentes das expectativas que construímos, enquanto esperávamos pela chegada deles e fazíamos planos para o futuro, precisamos aprender que tudo acontece da forma que pode ser.

Então nosso exercício cotidiano como mães e cuidadoras é observar, balancear e aceitar as ações possíveis. E aqui não estou falando de comodismo e limitar ações que, às vezes já são bem limitadas. Mas, nesse balancear, ter percepção do que é possível ser feito naquele momento.

Precisamos todos os dias fazer o exercício do que mais é possível? Pois algumas pessoas acham cômodo e confortável o não fazer nada. Afinal o ensinar dá muito trabalho, e a repetição é bem cansativa. Concordo que é mais fácil e rápido fazer por eles. Mas quando fazemos isso, estamos tirando de nossos filhos o direito de construírem autonomia nas atividades básicas do dia a dia.

Como mãe e cuidadora acredito que não viva um único dia sem pensar no futuro, e em como será a vida de meu filho.

Posso dizer que no momento atual, estou sempre proporcionando situações para que ele diga “oba”, mas como posso esperar que no futuro, alguém que não o conheça faça o mesmo?

Ao longo dos anos tenho observado que meu filho consegue ser alegre e bem humorado, e as pessoas que se permitiram fazer amizade com ele, se divertem muito no convívio com Pedro Henrique, pois embora seu hiper foco seja tudo relacionado a santos e às celebrações da igreja católica, de vez em quando ele tem um humor surpreendente.

Passamos o final de semana no sítio de um casal de amigos e, em frente à casa tem um tanque de peixes e ao redor do tanque grama, que nesse período de seca precisa ser aguada. Pedro olhou para o Dulcídio de chapéu e botina e soltou:

─ Olha lá o “Mazzaropi”.

Flávia em sonoras gargalhadas ajudou.

─ Pedro, sabe que parece mesmo!

Rimos da naturalidade como Pedro se expressou, sem filtro. Aliás, essa é uma de suas características. O que o torna extremamente verdadeiro, para expressar o que gosta e o que não gosta, também.

Outro momento memorável foi quando decidimos ir para o córrego, ouvimos dele um outro OBA! Até Scotty, o cachorro aproveitou o calor para também se refrescar. Os dois esparramaram água para todos os lados.

Meu filho fala oba com frequência, mas eu, estou assim como você, aprendendo a dizer oba.

Então vamos exercitar mais, pois a caminhada é longa, e com amor e sabedoria podemos torná-la bela e leve, com muitos OBA, espalhados pelo caminho.

4 4 Votos
Article Rating
Subscribe
Notify of
guest
9 Comentários
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
Ver todos os Comentários
Vera Frucci
Vera Frucci
2 anos atrás

OBA! Belíssimo texto, Cicera!

Rosemeire Barbosa Nahirniak
Rosemeire Barbosa Nahirniak
2 anos atrás

Obaaaa…vamos exercitar como o nosso Pedro com naturalidade e sem preocupações com o que o outro irá pensar! Vamos viver a vida em sua fração de segundo.
Amo sua visão como mãe de Pedro e escritora, pois tem conseguido passar pra gente todo encanto e beleza bem como angústia e preocupações de ser a mãe de Pedro.
Obrigada por compartilhar com tamanha sabedoria e levezaaa…

Fernanda das Neves
2 anos atrás

Oba que estamos aprendendo…a aceitar …a disfrutar o que a vida nos dá … a ver o que não víamos porque estávamos escassos de OBA= Alegria e gratidão…

Flavio
Flavio
2 anos atrás

OBA, Cícera, poder ler mais um texto de reflexão e aprendizado seu 🙏 – Oba!

Noscilene
Noscilene
2 anos atrás

Oba! Que artigo bacana, inspirador