No dia 19 de março de 2022, às 19 horas, realizou-se na Câmara Municipal de Cáceres-MT uma Audiência Pública para tratar das necessidades dos autistas com diagnóstico, daqueles que são autistas, mas ainda não tem diagnóstico, de todas as crianças, jovens e adultos que possuem deficiências físicas ou mentais e experimentam várias dificuldades, todos os dias, para sobreviverem. Desde a falta de medicamento, às condições financeiras, falta de condições mínimas de locomoção até o atendimento desumanizado, por pessoas que deveriam estarem melhor preparadas para fazer acolhimento com mais empatia e compaixão.
Sem esquecer aqui também, todas as mães de filhos com deficiências físicas ou mentais, que a longa data já vinha enfrentando dificuldades no atendimento para os filhos, pois faltavam neuro pediatra, fonoaudiólogos, terapeuta ocupacional, fisioterapeutas etc. E com a pandemia, o pouco que existia acabou. Nós, mães, nesse período também adoecemos. Cuidamos de nossos filhos, mas ninguém cuida da gente.
Há um bom tempo venho dizendo em meu blog, que quem cuida também precisa ser cuidado, na mesma proporção de quem recebe cuidados ou até mais. Entretanto somos uma fatia humana, esquecida, não olhada e totalmente ignorada pela sociedade.
Ano passado já tínhamos feito uma reunião com a prefeita. A pauta era os profissionais da saúde que estavam em falta, os medicamentos, fraldas, transporte adequado para transportar cadeirantes e demais materiais necessários para garantir qualidade de vida aos nossos filhos.
Fomos ouvidas? Sim. Pela Prefeita, a Secretária de Saúde, a Secretária de Educação e dois vereadores. Confesso que foi uma conversa agradável. E acreditamos que mudanças iam acontecer. Isso em 2021. Como iniciou 2022 sem alteração nenhuma optamos pela Audiência Pública. E em conversa com os vereadores Landim e professor Leandro acordamos que seriam convidados a participar todos os vereadores, secretários, a Prefeita e todas as instituições que pudessem contribuir para que a realidade atual pudesse ser transformada. Ex. As universidades locais.
Primeira das surpresas ao iniciarmos, é que nossa Câmara é composta por 15 vereadores. E lá havia apenas quatro. Professor Leandro, Landim, professora Mazeh e Valdenira. Vereador Franco passou por lá, fez algumas sugestões, mas deixou claro que este era um assunto desconhecido por ele. Vereador Marcos dizem que estava online, mas como não se manifestou, provavelmente é por desconhecer o assunto.
Quanto aos demais vereadores, não se preocupem, a vereadora Valdenira justificou vossas ausências de forma veemente. Mas nós enquanto munícipes, esperamos ser melhor representados por vocês, na próxima Audiência Pública, que acontecerá no dia 29/04/2022. Esperamos também que esse tempo permita a vocês se inteirarem da pauta, para que os resultados sejam mais proveitosos.
Sentimos falta do Secretário de Obras, pela dificuldade de locomoção na cidade, bem como do Secretário de Esporte e Cultura e demais Secretarias que podem contribuir para uma melhor qualidade de vida para nossos filhos e demais cidadãos de Cáceres que enfrentam dificuldades.
Percebemos que temos leis lindas, fantásticas no papel. Mas que na prática não se efetivam. Portanto, pedimos a todos os cidadãos de Cáceres, principalmente advogados, que estejam ligados à Defensoria Pública, Ministério Público ou ao Foro, que nos auxiliem para que estas leis se efetivem.
Pois não adianta nada sabermos que temos direito a remédio, fraldas, ADIs, profissionais da saúde especializados e atendimentos diferenciados em alguns espaços, se quando entramos em uma fila preferencial nós e nossos filhos recebemos olhares que nos esquadrinham, na busca de alguma anomalia física que nos garanta o direito de estar naquela fila.
Gente, autismo não tem um aspecto físico visível como em algumas outras síndromes.
Mas voltando a Audiência Pública, as discussões foram interessantes, com algumas sugestões para otimizarem o atendimento em alguns órgãos e uma lista de solicitações que os vereadores ficaram de levar a Prefeita Eliene Liberato e no dia 29/04/2022 trazerem uma resposta, das medidas adotadas para sanar as dificuldades apontadas como:
- Os profissionais de Saúde que estão faltando: neuropediatra, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicólogos, fisioterapeutas etc.
- Medicamentos, fraldas e demais materiais como sonda, que se usa em uma grande quantidade ao dia etc.
- Transporte adequado, para transportar pessoas com deficiência para a fisioterapia,
- Adequação na cidade para que os cadeirantes possam circular no centro da cidade.
- Que o CER e o CAPSIN voltem a funcionar com uma equipe de profissionais multidisciplinar.
- Quando nossos filhos estiverem sendo atendidos, que nós enquanto mães ou pais também possamos receber atendimento, pois quando “a boca cala o corpo fala”.
E nossos corpos já não estão mais falando, na verdade eles estão gritando, por todas as dores acumuladas na ação de cuidar, por não sermos cuidados e ainda termos que lidar com o descaso e a falta de compaixão do próximo.
Esperamos poder contar com o apoio de toda a sociedade Cacerense, na próxima reunião, pois, juntos somos mais fortes.
No momento atual, dispensamos o título de mães guerreiras, queremos a construção de uma Rede de Apoio, para oferecer os cuidados essenciais que nossos filhos têm direito e que nós, mães, também precisamos.
Fico boquiaberta com determinados políticos que não procuram conhecer as necessidades dos munícipes!!! Uma busca rápida no Google e poderiam encontrar muitas informações consistentes, sem contar que eles tem acesso a profissionais competentes que teriam imenso prazer em esclarecer sobre as questões.
Senhores políticos vocês são eleitos para representarem a voz do povo, escutem mais, aproximem das pessoas, assim poderão cumprir bem os seus mandatos.
Cícera faz um trabalho sério e vai beneficiar outros tantos cuidadores.
Noscilene, bem lembrado nos dias atuais as informações estão disponíveis para todos. E se os políticos aprendessem a ouvir o povo, suas reais necessidades, certamente fariam um trabalho com resultados duradouros.
Quem cuida também precisa de cuidados. Essa frase resume com seis palavras a situação vivida por muitas pessoas, mas é mais um apelo do que uma realidade. infelizmente,
Bom dia. Admiro vcs lutarem por essa causa. Que mais fácil ficar calados e ta bom. Agora que começou tem que ir a luta .só tem que ter muitas pessoas e união Triste mesmo são os vereadores não interessar por um assunto tão importante.
Rosemar, ainda é preciso que as pessoas compreendam que juntas somos mais fortes. Ignorar uma mãe ou duas é fácil. Mas 100, 1000 etc. fica impossível não ver. Na verdade acho que a gente precisa de ações em espaços públicos com nossos filhos.
Força e vontade…em Portugal temos um ditado “água mole em pedra dura tanto dá até que fura” foi assim que conseguimos o salário para o “cuidador informal”.
Fernanda, suas palavras dão esperança para continuarmos persistindo.
Obrigada.