Por que a humanização e a compaixão são necessárias para enxergarmos o outro e transformarmos suas vidas?
Sonhamos encontrar o tempo todo pessoas humanizadas e que transbordem compaixão. Pois estas pessoas poderiam transformar o dia-a-dia de nossos filhos com ações mínimas. Mas que, dependendo do momento, são realizações gigantescas para eles. Como: vestir uma roupa sozinho, pisar na grama, experimentar alimentos de texturas diferentes, barulho muito alto, ou sair da rotina.
Pequenas coisas, que desestabilizam suas emoções… e a nossa também. Nesses momentos temos que usar toda a nossa energia… ora para acalmá-los, ora para contê-los.
Quando isso acontece também precisamos ser cuidadas. Para termos o apoio necessário, para ressignificar nossas emoções, pois também passamos a sentir tudo em demasia.
Quando esse sentir aos poucos ganha serenidade, então nos reerguemos. Chega a hora de questionar e buscar a construção de um mundo novo junto a sociedade. Quando temos filhos que não se encaixam dentro dos padrões traçados pela sociedade, precisamos reivindicar dessa sociedade que nos deixou sós por anos. Pois, muitas vezes somos a única aldeia para nossos filhos.
Neste momento amada sociedade, após completar meio século de vida e ter a certeza que por mais que eu tenha tentado e queira, não posso suprir todas as necessidades de meu filho, venho em nome de todas as mães e pais reivindicar:
Então vamos lá:
Um centro de referência é preciso
Para as crianças e famílias atender.
Com todos os especialistas
Para a qualidade da vida manter.
Um espaço de convivência é necessário,
Para que eles encontrem, outros pares.
Aprendam a voar sozinhos
E, saiam do ninho.
Pais e mães, não são eternos
Embora tenhamos
Um desejo imenso de eternidade
Quando observamos nossos filhos.
E pensamos …
Quem vai se preocupar com o banho
Os remédios na hora certa.
Cortar cabelo,
Fazer a barba,
Cortar as unhas,
Levar ao médico,
E todo santo dia da forma mais sagrada dizer:
Escova os dentes.
Toma banho.
Estende a toalha.
Seca as axilas direito
Passa o desodorante.
Volta e dá descarga no vaso.
Baixa o volume da televisão.
Absolutamente, ninguém.
Parar tudo o que você está fazendo,
Porque, ele quer um abraço.
Exatamente naquele momento.
Viu, porque temos gana
Por eternidade.
Não é vaidade
É necessidade.
Mas como não podemos tê-la…
Que a nossa sociedade se torne a aldeia inteira que irá ajudar a educar, escutar e cuidar de nossos filhos quando aqui não estivermos mais.
Senhores governos:
O que vocês têm a nos proporcionar em termos práticos e urgentes?
São muitas mães doentes, algumas que não suportaram a dor e tiraram a vida. Não é fácil ressignificar a dor.
Vocês são responsáveis pelas vidas desassistidas, esquecidas, oprimidas, destituídas de vida, vidas sofridas, insipidas, descoloridas. Um eterno cinza.
Queremos ter tempo para
Sentir o calor e o brilho do sol
Ver o azul do céu se mesclar com o azul do mar.
Caminhar na areia.
Apreciar uma lua cheia.
Ouvir o canto, dos passarinhos.
Perceber a chuva chegar de mansinho.
Ir ao cinema
Passear os olhos por quadros, em uma galeria, sem sobressaltos.
Reunir com amigos e papear.
Porém tudo isso que deve fazer parte da vida de qualquer ser humano quando temos filhos que precisam de atenção em tempo integral, não é possível. A não ser que se tenha um excelente poder aquisitivo. Simplesmente deixamos de vivenciar.
Estamos reivindicando cuidados para nossos filhos e para nós também.
Que texto lindo! É isso mesmo. Essas crianças e jovens necessitam de um lugar para socialização e os pais e cuidadores necessitam de um tempo para si mesmos.
Zenil é exatamente isso que estamos reivindicando.
Palavras q podem ter força! Parabéns Cícera!!!
Olga, essa força será construída com mais pessoas usando estas palavras.
Que texto profundo…que voz que deveria ter ecos por toda parte do meu em que vivemos.
Malu, você me fez lembrar de João Cabral de Melo Neto, vamos “tecer” uma rede para que al palavras circulem pelo mundo e possa tocar o coração das pessoas.
Suas palavras trazem toda a angústia de quem luta a cada segundo por um mínimo de atenção e dignidade, não só para si mas também para um verdadeiro exército de mães e por alguns familiares, filhos, irmãos, pais que também travam essa luta inglória e que às vezes tentam substituir as mães que se vão, mas para quem fica, sabe que o abraço não terá a mesma força, o cuidado não será tão atencioso. A sua pergunta ou perguntas são mais do que pertinentes… são indispensáveis…
Kelem e precisamos ser ouvidas.
Compartilhar é o mínimo que posso fazer… esta reivindicação tão bem escrita e contendo poesia… te admiro cada vez mais minha querida Cícera!! E desejo que em um futuro não distante, possa escrever sobre felicidade, respeito e empatia na forma de agradecimento.
Que assim seja, Rejane. Obrigada
Novamente, um texto para ser lidos em todas as câmaras municipais, estaduais e federais do Brasil 🇧🇷 e mundo 🌎 ❗️🙏🙏🙏
Flavio, se esse texto for compartilhado, quem um número maior de pessoas possam somar forças, na construção de um mundo melhor para todos.
Flavio, é exatamente o que precisamos, que nos ouçam e que as políticas de inclusão saiam do papel.
Perfeito Cícera, através da poesia permeada de realidade e de sentimentos nobres de uma mãe que cuida, que ama…vc expressa a necessidade urgente , urgentíssima de se fazer algo que possa ajudar a todos que vivem essa situação praticamente sozinhos, e às vezes, por uma vida inteira…e depois??? Depois, fica ao acaso…essa responsabilidade deve sim, ser de todos, principalmente do poder público. Compartilho …
Nilza Helena, obrigada por compartilhar. Talvez assim, possa chegar nas mãos dos políticos que têm poder de decisão.
Nilza Helena, obrigada por compartilhar. Espero que possa chegar nas mãos de quem pode decidir