No último sábado, 13 de dezembro de 2025, vivi uma daquelas tardes que a gente guarda na memória como um abraço. Um respiro. Um lembrete de que não estamos sozinhas.
Aconteceu no auditório da Escola Técnica de Cáceres e foi promovido pela APAAC — a Associação de Pais e Amigos dos Autistas de Cáceres. Uma roda de conversa pensada para nós, mães atípicas, e feita por nós. E que coisa linda foi ver cada detalhe sendo tecido com tanto cuidado!
Enquanto conversávamos no auditório, nossos filhos brincavam no pátio — entre escorregadores, pula-pulas, brinquedos educativos e músicas pensadas especialmente para eles. Uma sala cheia de cores e movimento, com saquinhos de pipoca circulando pra lá e pra cá. Pipoca à vontade, risadas no ar. Era como se, por algumas horas, o mundo tivesse parado para lembrar que as nossas crianças merecem brincar… e nós, respirar.
A roda começou com falas que nos abraçaram pela informação. A assistente social do INSS Letícia Freire (que também é mãe atípica) explicou com clareza como acessar o BPC — o Benefício de Prestação Continuada. Depois, Adriano Dutra Lopes, pai atípico e defensor dos direitos humanos, trouxe todos os passos para tirar a tão sonhada carteirinha do autista. Sem burocratês, sem enrolação. Apenas alguém que entende e quer ajudar.
Também tivemos as psicólogas Rosânia Siqueira e Dimitria Bianchi, que trouxeram uma fala sensível sobre as dores que a gente carrega — e sobre como a gente precisa, sim, ser cuidada. Porque não há cuidado possível sem cuidadora inteira.
Mas o momento mais bonito (pelo menos para mim) foi quando cada mãe e pai ali teve a chance de falar. Sem pressa. Sem julgamento. As dúvidas, as dores, os desabafos… tudo ecoava no auditório com respeito e empatia. Foi como se cada palavra dita por uma mãe abrisse espaço para outra respirar melhor.
A presidente da APAAC, Tânia Longo, encerrou com uma fala que ainda ressoa em mim. Ela nos lembrou da importância de construirmos juntas nossa rede de apoio real — não uma rede feita de promessas vazias, mas de mãos dadas, de trocas sinceras, de encontros como esse. Porque, como ela mesma disse, o poder público muitas vezes fecha os olhos para tudo o que o autista — e suas famílias — precisam ao longo da vida. Mas nós não podemos fechar os olhos umas para as outras.
O mais lindo de tudo? Fizemos esse evento inteiro sem pedir nada aos políticos locais. Foi o poder da união. Tivemos doações da iniciativa privada, colaboração de todos os membros da diretoria da APAAC e um lanche delicioso servido com carinho. Tudo feito com afeto, por quem vive na pele o que significa ser família atípica.
Voltei para casa com o coração cheio. Cheio de afeto, de pertencimento, de vontade de continuar. E com um pensamento que quero partilhar com você, que não pôde estar lá:
Cuidar de quem cuida é mais do que necessário. É urgente. É possível. E começa com encontros como esse — onde ninguém precisa explicar sua dor para ser compreendida.
Nem todas puderam estar lá — a falta de transporte ainda pesa para muitas famílias. Mas já estamos a construir pontes sobre isso também: na próxima roda de conversa, teremos caronas solidárias. Porque cuidado, para nós, é também garantir o caminho de quem quer caminhar junto.
Se você sentiu vontade de estar lá… é porque esse lugar também é seu. A roda continua aberta.
Com carinho,
Uma mãe que se sentiu abraçada pela coletividade.


Que lindo, e acolhedor, as mães, os pais precisam desses acolhimentos , precisam serem cuidados, para continuarem a cuidarem, para não morrerem, ou irem pararem em hospitais ,porque nao é brincadeira, a vida toda cuidarem de pessoas que nasceram com transtornos mentais, e requer mtos cuidados em tudo… e eles serem tbem os seus preciosos bens, enviados por Deus… e que damos a vida se for necessario por eles… pois são os nossos filhos amados… Cuidar de quem Cuida, é necessario… e fazerem políticas publicas para este trabalho é dever das lideranças que comandam cada pedacinho deste nosso BRASIL, ESTADOS D MUNICIPIOS. O número de PcD autistas é gigante, e aumentando, ja em 31/1… e requer um olhar muito atento para esta causa.
Fico profundamente feliz por saber que a roda de conversa cumpriu seu propósito maior: criar um espaço seguro, humano e sem julgamentos, onde cada mãe e cada pai pôde falar, chorar, aprender e, principalmente, se sentir compreendido. Isso não tem preço.